30 de agosto de 2011

Após quatro meses da última fiscalização realizada pelo Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) no Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, uma nova fiscalização, que aconteceu na última quinta-feira (25), constatou que a unidade hospitalar está passando graves problemas de superlotação que superam os encontrados na vistoria realizada em maio deste ano. Agora, foram identificados 50 leitos extras, 20 a menos do que foi encontrado em maio, porém a maioria dos internos nestes locais apresenta um estado de saúde gravíssimo, o que coloca em risco a vida dos pacientes.

De acordo com o diretor do Departamento de Fiscalização da entidade, Eurípedes Mendonça, na área de vermelha, onde são internados pacientes da emergência, foi identificada superlotação nunca encontrada pela equipe de fiscalização do conselho. “Na área principal com capacidade máxima para cinco pacientes haviam oito pacientes, dos quais cinco intubados, ou seja, em estado grave. Já na sala anexa, com capacidade para quatro pacientes, haviam 14 pacientes, ou seja, 10 a mais que a capacidade do local”, disse Eurípedes Mendonça.

O diretor do Departamento de Fiscalização do CRM-PB afirmou que, neste local, não há a mínima condição de atendimento médico. “Os profissionais não conseguem nem chegar até os pacientes, já que os leitos estão distantes apenas 10 cm um do outro. O correto seria 80 cm de distancia”, explicou.

Na área amarela, onde estão internados pacientes menos graves, homens e mulheres dividem o mesmo espaço, sem separação por biombos ou divisórias. “Na entrada da área, onde deveria haver dois leitos tinham três, sendo um homem ao lado de uma mulher, sem qualquer privacidade, inclusive no momento do asseio onde é utilizada aparadeiras. Outro fato é que os leitos estavam obstruindo o acesso ao banheiro”, ressaltou Eurípedes Mendonça, destacando que na parte principal da área amarela, com capacidade para oito leitos, havia 14 pacientes. No corredor de acesso, foram improvisados mais dois leitos extras.

Nos corredores do hospital, haviam pelo menos seis leitos improvisados. Um deles ocupados por uma idosa de idade bastante avançada que estava deitada na maca há três dias aguardando um atendimento que deveria ser feito pelos hospitais de retaguarda (no inicio da fiscalização a diretoria do hospital informou que o Trauma conta com três hospitais de retaguarda: 13 de Maio, o Monte Sinai e o Flavio Ribeiro). Na sala das poltronas, onde os pacientes recebem medicação com soro, haviam 15 pessoas sendo medicadas. “Não foi possível checar quantos eram extras, mas a distância entre as poltronas era inferior a recomendada pelas normas. Acredito que haviam pelo menos sete poltronas extras. ”, disse.

A fiscalização ainda verificou que a UTI II estava lotada, mas não havia leitos extras. “A UTI adulto está com as duas câmaras hiperbáricas sem funcionar e com todos os leitos ocupados. Verificamos problemas no tratamento dos pacientes que precisam de terapia renal substitutiva, situação que compromete a qualidade da assistência e deve ser explicada pelo gestor”, advertiu o conselheiro.

Durante a fiscalização, foi identificado ainda que o único tomógrafo do Centro de Diagnóstico de Imagem estava sem funcionar. “Há um outro novo encaixotado desde 2008 e parece que há dificuldades em colocá-lo para funcionar. O aparelho de ultrassom também está sem funcionar. Estão usando um antigo que não tem boa qualidade”, frisou Eurípedes.

O Centro Cirúrgico estava em funcionamento adequado e não houve queixas dos médicos em relação ao setor. Já a enfermaria estava com seis leitos extras. “Apesar da evidente superlotação, as condições de higiene estavam satisfatórias. Não havia vômitos no chão ou outras secreções. A estrutura física começou a ser recuperada, persistindo algumas portas com desgaste”, disse.

Eurípedes Mendonça ressaltou que é necessário que sejam urgentemente contratados leitos em hospitais privados, como ocorreu em junho deste ano, e ainda esclarecida a funcionalidade dos hospitais de retaguarda e a disponibilização de tomógrafos e aparelhos de ultrassom.

O relatório produzido pelo Departamento de Fiscalização do CRM-PB foi encaminhado para o Ministério Púbico, Secretaria de Saúde e para diretoria do Hospital de Trauma. O conselho deu um prazo de 30 dias para seja enviado um documento detalhando as providencias que serão tomadas para sanar as deficiências encontradas. A fiscalização foi realizada em conjunto com equipes de fiscalização de outras categorias e coordenada Ministério Público Estadual.

 

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