CRM-PB Entrevista: Dr Marçal Maia, cirurgião geral

 

Os obstáculos e desafios em exercer a Medicina no interior do estado não foram empecilhos para o cirurgião geral, Marçal Maia, trabalhar no Sertão e em Campina Grande, e se dedicar a seus pacientes. Segundo ele, as dificuldades de acesso a equipamentos e exames são inquestionáveis, mas o “querer fazer, o querer ajudar o paciente” são mais evidentes nos municípios do interior do estado.

 

Natural de Campina Grande, formado na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), em 2006, com residência em cirurgia geral pelo Hospital de Urgência de Sergipe e especialização em Laparoscopia em Goiânia (GO), Marçal trabalha atualmente em Campina Grande e em Piancó. Em Campina, é médico no Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC) e no Hospital Help, além de lecionar na Facisa. Em Piancó, é cirurgião do Hospital Wenceslau Lopes.

 

Na entrevista a seguir, ele fala sobre sua trajetória profissional, suas inspirações, dificuldades e pandemia de covid-19. “Minha mãe é médica pediatra, Miranda de Almeida Maia, e sempre tive a figura dela como referência. Eu via o brilho no olhar da minha mãe, que até hoje ela tem, até hoje ela exerce a Medicina, e isso me cativava”, afirma.

 

Quais os principais desafios em trabalhar como médico cirurgião no interior do estado?

Sem dúvida, o principal obstáculo em se trabalhar no interior como cirurgião, é a falta de estrutura, em relação a equipamentos, tipos de exames laboratoriais e exames de imagem. Tudo isso é mais difícil no interior, diferente dos grandes centros como João Pessoa e Campina Grande. No entanto, ganha-se no querer ajudar, no querer tentar fazer em benefício do paciente. E isso no interior é bem mais evidente.

 

O que o motivou a trabalhar nesta região?

Quando cheguei de Aracaju (SE), após a residência médica, não tive oportunidades de trabalho em Campina Grande, então, fui para o Sertão. Lá, comecei em Patos, onde posteriormente eu tive oportunidade de lecionar a cadeira de cirurgia na FIP. Depois, fui convidado pela diretoria do Hospital Wenceslau Lopes, em Piancó, para fazer cirurgias eletivas. Com o passar do tempo, fui cativado pela população e pela qualidade do meu trabalho. Me surpreendi com a boa estrutura do hospital e estou lá até hoje, prestando meus serviços para a população da região.

 

O que estimulou o senhor a escolher a Medicina e a Cirurgia?

Minha mãe é médica pediatra, Miranda de Almeida Maia, e sempre tive a figura dela como referência e meu avô também sempre me estimulou bastante. Sempre me vi como médico e gosto desta profissão, mesmo vendo todas as dificuldades, como falta de tempo para a família, alta carga de trabalho, chegar extenuado… mas eu via o brilho no olhar da minha mãe, que até hoje ela tem, até hoje ela exerce a Medicina. Isso me cativava, me estimulou a me dedicar a esta profissão. Quando passei no vestibular e comecei a estudar em Campina Grande, passei a gostar cada vez mais e ver o quanto quando você quer, você consegue. É um curso muito pesado, então tem que gostar, tem que se ver naquele ambiente. Fazer Medicina não são “só rosas”, como muitos enxergam. Quando fui cursando a faculdade, encontrei vários médicos cirurgiões e obstetras que me guiaram para a área cirúrgica. Comecei com dr Severino, conhecido como Biró, grande obstetra da região, e o acompanhei por muito tempo na faculdade. Depois conheci dr Júlio César, que faleceu infelizmente recentemente, e que me ajudou bastante. Eu o acompanhava fazendo cirurgias na FAP e a partir dele tive a vontade de fazer cirurgia geral. Então, eu agradeço a estes dois médicos, ícones na região, tanto como profissionais como pessoas, que ajudaram bastante alunos, acompanhavam e percebiam se tinham o dom ou não para esta especialidade.

 

A pandemia de covid-19 atrasou o diagnóstico precoce de algumas doenças e diminuiu o número de cirurgias eletivas. Atualmente, as pessoas já voltaram a realizar suas consultas de rotina e o número de pacientes nas filas das cirurgias estão diminuindo?

Sem dúvida nenhuma a pandemia trouxe muitos entraves, desafios, tanto para os pacientes, como para os cirurgiões. Como a própria palavra fala, cirurgias eletivas são aquelas que a gente tem por obrigação salvaguardar o paciente, pois são patologias que alteram a qualidade de vida do paciente, mas não traz risco de vida. Por isso, são agendadas e marcamos com o máximo de segurança ao paciente. Então, no período de pandemia da covid, não tínhamos a indicação de submeter um paciente que estava com uma colelitíase, por exemplo, que é a famosa pedra na vesícula, de fazer uma cirurgia e colocá-lo em risco de poder adquirir covid. Então, as cirurgias eletivas foram praticamente contraindicadas neste período. Mas, graças a Deus e à vacina, está diminuindo consideravelmente o número de pessoas infectadas e estamos conseguindo voltar a ter uma vida mais normal. Os pacientes que tinham essas cirurgias eletivas estão conseguindo voltar para o consultório e estamos podendo ajudá-los a diminuir a dor e ter uma melhor qualidade de vida. Havia uma demanda reprimida, claro, agora maior, por conta deste período. Mas os pacientes estão retornando ao ambulatório, ao consultório, e estamos conseguindo melhorar a qualidade de vida destas pessoas.

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