CRM-PB Entrevista: Dr Osvaldo Travassos de Medeiros

A curiosidade, a busca pelo novo e o entusiasmo de quem sempre está iniciando um novo projeto são os elementos que impulsionam a vida do oftalmologista paraibano Osvaldo Travassos de Medeiros. Aos 77 anos, continua criando, inventando e idealizando aparelhos que melhorem a assistência a seus pacientes. Com a pandemia de covid-19 criou, ano passado, através da realidade virtual, a possibilidade de levar o consultório oftalmológico ao paciente, à distância.

“Sempre gostei dos fenômenos físicos relacionados à luz, lentes e formação de imagens, chegando a construir lunetas e telescópios. Pratico a Oftalmologia com o mesmo prazer e entusiasmo do meu início de vida profissional”, afirma o médico formado na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com especialização e Doutorado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e estágios nos Estados Unidos, França e Espanha.

Atualmente, Osvaldo é professor titular de Oftalmologia e livre docente da UFPB e atende em sua clínica particular. Na entrevista a seguir, além de contar sobre suas invenções (algumas comercializadas no Brasil e em outros países), ele fala sobre sua vocação para a Medicina, a paixão pela música, pandemia de covid-19 e do projeto que defende a obrigatoriedade do exame oftalmológico para a matrícula das crianças nas escolas. “O atestado de acuidade visual na infância pode prevenir diversas doenças e a cegueira”, explica.

 

O senhor sempre teve o sonho de ser médico? Quando fez a escolha pela Medicina e posteriormente pela Oftalmologia?

Aproveitei ao máximo os ensinamentos gerais da vida estudantil, no primário e no secundário, até que, no final deste, senti-me vocacionado para as ciências biológicas e em particular a Medicina. Sempre gostei dos fenômenos físicos relacionados à luz, lentes e formação de imagens, chegando a construir lunetas e telescópios. A Oftalmologia passou a representar para mim a especialidade de grande motivação, praticando-a atualmente com o mesmo prazer e entusiasmo do meu início de vida profissional.

 

Como iniciou o interesse pela invenção de aparelhos oftalmológicos? Sempre foi movido pela curiosidade?

Sempre acreditei que poderia contribuir com os avanços tecnológicos, acrescentando algo que pudesse melhorar a assistência instrumental e propedêutica. Posso comentar que sempre houve uma boa parcela de curiosidade. Sempre estive em busca da inovação, pautado em que combatemos o atraso ao descobrirmos o novo.


Quais são os principais aparelhos criados pelo senhor? Estas invenções já foram patenteadas e quantas já estão sendo comercializadas aqui no Brasil e em outros países?

Para citar alguns, criei o auto-oftalmoscópio, aparelho que   permite ver meu próprio fundo de olho. Havia essa minha curiosidade. Como sabemos, o fundo de olho permite detectar precocemente muitos transtornos oculares e da medicina em geral.   O Sistema anti-ofuscante foi outra invenção. Permite evitar os danos causados pelos faróis altos dos automóveis. O OTM Stereotest, aparelho que   contribui para os achados dos transtornos visuais da criança, a exemplo dos encontrados no estrabismo, e que quantifica o grau de visão estereoscópica. Muito usado nos consultórios oftalmológicos do Brasil e de outros países. A Biomicroscopia em infravermelho que permite a análise das estruturas oculares internas, mesmo que a córnea seja opaca. A medida da acuidade visual objetiva, o 3D na oftalmoscopia, o Teste do Olhinho apresentado há 41 anos e hoje muito utilizado para detectar problemas visuais no recém-nascido, os óculos para acrescentar imagens periféricas não vistas nos portadores de glaucoma avançado e outras doenças de fundo hereditário. Recentemente, o método Refratométrico da Lente Estriada, permitindo facilidade na detecção e medida dos transtornos ópticos do olho. Várias dessas invenções têm registro de patentes e atualmente o aparelho OTM Stereotest (OTM das minhas iniciais) vem sendo comercializado por firmas nacionais que expõem também no exterior.


Além da Medicina, o senhor tem também uma paixão pela música, tocando diversos instrumentos. Como concilia a Oftalmologia e estes hobbies?

Sempre há tempo. Ambos se completam.

 

O senhor defende a obrigatoriedade do exame oftalmológico para que as crianças sejam matriculadas na escola. Por que?

O desenvolvimento sensorial da visão se dá até os sete anos de idade. Uma criança que enxergue pouco por um dos olhos ou ambos, como não tem discernimento do déficit, pode tornar-se amblíope, o cérebro não reconhecer imagens daquele olho e tornar-se um adulto vendo pouco.  A incidência mundial é grande: 4%. Sendo adotado um atestado de acuidade visual no momento da matrícula na rede pública e privada, muito irá contribuir na prevenção da cegueira. Esta ideia foi apresentada há alguns anos em Congresso no Rio de Janeiro e tramita no Congresso Nacional para uma lei federal.


A pandemia de covid-19 diminuiu o número de pacientes realizando exames oftalmológicos? Quais as consequências disso para a saúde dos pacientes?

A pandemia diminuiu o número de pacientes no consultório, contudo foram muitos os que tiveram orientação através de contatos virtuais, incluindo a documentação fotográfica. Mostrei através da mídia e com grande aprovação a possibilidade do consultório oftalmológico ser levado ao paciente à distância, através da realidade virtual.

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