A regional paulista da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU-SP) realiza o primeiro estudo epidemiológico sobre câncer de próstata no Brasil. Desde setembro de 2004, a SBU-SP vem traçando um perfil minucioso da doença no Estado de São Paulo com base nas notificações voluntárias de urologistas a cada novo caso diagnosticado. Apontada como a segunda principal causa de morte masculina por câncer, a doença deve afetar 46 mil brasileiros em 2005, de acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca). São esperados neste ano 13 mil casos novos em São Paulo – 65 a cada 100 mil habitantes. O estado é o terceiro do país com a maior taxa de casos novos por grupo de 100 mil pessoas, só sendo superado pelo Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. No ano passado, 2.427 homens paulistas morreram em decorrência do câncer de próstata, segundo a Fundação Seade. Atualmente, as informações oficiais disponíveis sobre câncer de próstata no Brasil fornecem apenas o número de mortes e a estimativa de novos casos. Faltam dados brasileiros sobre o perfil do doente, o estágio da doença no momento do diagnóstico, as cidades com maior ocorrência, o motivo da biópsia ou os tratamentos mais utilizados. “A escolha dos métodos de diagnóstico e de tratamento é baseada em estatísticas provenientes de pesquisas populacionais realizadas em outros países e que provavelmente não refletem a realidade brasileira”, explica Aguinaldo Nardi, presidente da SBU-SP. E é justamente essa lacuna que a pesquisa realizada pela SBU-SP pretende suprir. Idade, raça, estágio da doença, motivo da biópsia, local de diagnóstico e tratamento são alguns dos mais de 50 dados levantados pelo estudo. “Queremos saber os motivos que levam o paciente a procurar o urologista, quais as características da doença nas diferentes regiões do Estado, em que estágio clínico foi feito o diagnóstico e qual o tratamento escolhido. Conhecer melhor a realidade da doença nos permitirá avaliar as condutas clínicas adotadas atualmente”, afirma Stênio Zequi, coordenador do estudo epidemiológico sobre câncer de próstata. As informações também podem ajudar na formulação de políticas públicas de saúde. “Podemos sugerir ao governo, por exemplo, ampliar o diagnóstico ou tratamento em determinadas regiões apontadas pelo estudo”, enfatiza o presidente da SBU-SP. Dos 1.189 casos registrados até o final de maio em 39 cidades paulistas, 86% acometeram homens de raça branca; 12% afetaram homens negros e 2%, de raça amarela. Cerca de 13% dos doentes relataram outros casos da doença na família. Os dados parciais apontam também que em São Paulo, assim como nos países desenvolvidos, 80% dos casos são diagnosticados na fase inicial – quanto o tumor ainda está localizado apenas na próstata, o que aumenta as chances de cura. Apenas 10% dos diagnósticos foram feitos em cidades com menos de 100 mil habitantes. A maioria (53%) dos tumores foi detectada com nível de PSA entre 4,1 e 10 ng/ml (nanogramas da proteína por mililitro de sangue) e apenas 8% dos homens apresentavam o PSA abaixo desses valores, diferindo da tendência verificada nos Estados Unidos e na Europa, onde atualmente a maioria dos diagnósticos é feita com níveis mais baixos da proteína. A pesquisa investigou também os motivos que levaram os homens a procurar um urologista. Cerca de 30% foram encaminhados por médicos de outras especialidades, o que reforça a importância de investir no relacionamento com profissionais como clínicos, geriatras, cardiologistas. Menos de 1% decidiu consultar um urologista motivado pela mídia e apenas 13% por causa de campanhas de rastreamento. “O número é pequeno e indica que há espaço para o governo e as sociedades de especialidades promoverem iniciativas de esclarecimento à população”, ressalta Nardi. O estudo epidemiológico sobre câncer de próstata será concluído em setembro de 2005. Os dados serão publicados e estarão disponíveis para consulta às universidades, hospitais de câncer, instituições governamentais e ONG’s. A pesquisa conta com a participação voluntária dos urologistas associados à SBU-SP e continua recebendo novos casos. Para aderir ao estudo, o profissional deve preencher uma ficha com os dados do paciente e de sua moléstia a cada caso novo de câncer de próstata diagnosticado. No formulário, que deve ser enviado à sede da SBU-SP, são incluídas informações sobre o paciente, como seus antecedentes pessoais e familiares, e dados relativos ao tumor, como grau de Gleason, PSA, estadiamento e proposta terapêutica. Os médicos podem acessar o questionário pelo site www.sbu-sp.org.br. Fonte: Assessoria de Imprensa da SBU-SP

Spotify Flickr Facebook Youtube Instagram
Aviso de Privacidade
Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar o Portal Médico, você concorda com a política de monitoramento de cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse Política de cookies. Se você concorda, clique em ACEITO.