Nas férias de verão, é preciso tomar alguns cuidados para que os passeios turísticos e ecológicos não acabem em prejuízos à saúde. No Brasil, doenças como a febre amarela silvestre ou as diarréias podem transformar momentos de descontração e diversão em pura dor de cabeça. Porém, podem ser facilmente evitadas. E para quem planeja viajar para outros países, os cuidados devem ser com a poliomielite e o sarampo, doenças que ainda ocorrem em diversos países da África, Europa e Ásia. Febre amarela – Para a prevenção da febre amarela silvestre existe vacina. Portanto, a orientação às pessoas que pretendem viajar para áreas de risco é procurar um posto de saúde dez dias antes do embarque e tomar a vacina. Assim, os viajantes poderão visitar áreas de matas nativas com tranqüilidade. O Ministério da Saúde fornece a vacina para as unidades de saúde dos municípios, mesmo os que estão fora da área de risco, para que ninguém pegue a estrada sem estar protegido. A vacina também está disponível em salas de vacinação nos portos, aeroportos e fronteiras. A dose contra a febre amarela é gratuita e deve ser renovada a cada dez anos. Neste ano, foram confirmados somente dois casos de febre amarela silvestre de transmissão silvestre em todo o País, ambos na região amazônica. Além disso, outro fato a ser comemorado é que a vigilância epidemiológica nos estados detectou oportunamente mortes de macacos, sem nenhum registro de caso humano – geralmente mortes de macacos antecedem casos em humanos. A vigilância epidemiológica em relação à febre amarela vem sendo fortalecida em todo o Brasil com as ações de capacitação desenvolvidas pela Gerência Técnica da Febre Amarela do Ministério da Saúde. Os principais locais de risco são as regiões de matas e rios. No Brasil, essas áreas compreendem todos os estados das regiões Norte e Centro-Oeste, além do Maranhão e Minas Gerais, bem como as regiões sudoeste do Piauí, oeste da Bahia, oeste do Paraná, oeste de Santa Catarina, noroeste do Rio Grande do Sul e noroeste de São Paulo. No extremo sul da Bahia e norte do Espírito Santo, ainda que não esteja ocorrendo transmissão nessas áreas, recomenda-se a vacinação, devido às características ecológicas favoráveis à circulação do vírus. As pessoas que moram nessas regiões também devem tomar a vacina, caso ainda não o tenham feito ou o fizeram há mais de dez anos. Os sintomas mais comuns da doença são febre alta e calafrios, mal-estar, vômito, dores no corpo, pele e olhos amarelados, sangramentos, fezes cor de “borra de café” e diminuição da urina. Não há tratamento específico para a febre amarela silvestre, mas devem ser evitados os salicilatos (AAS e Aspirina), já que seu uso pode favorecer o aparecimento de manifestações hemorrágicas. Na identificação de alguns dos sintomas, deve-se procurar um médico da unidade de saúde mais próxima. Somente o médico é capaz de diagnosticar e tratar corretamente a doença. Um dos principais sinais de alerta para a febre amarela silvestre são mortes de macacos nas matas, o que indica o aumento da circulação do vírus. Por isso, a pessoa que identificar mortes de macacos nos locais que visitou deve informar às autoridades sanitárias daquela região. Desde 1942 a febre amarela está restrita às áreas silvestres. Sarampo – O Brasil já chegou a registrar mais de 50 mil casos de sarampo em um único ano. Hoje, após intensas atividades de vigilância epidemiológica e de vacinação (incluindo campanhas de vacinação em massa), a situação é bem diferente. Não há transmissão autóctone (local) da doença no país desde 2000 e os últimos nove casos confirmados no período 2001/2005 foram importados do Japão, Europa e Ilhas Maldivas. No entanto, o risco de reintrodução do sarampo ainda preocupa as autoridades sanitárias. Em países como Japão, Alemanha e outras nações da África, responsáveis por um número considerável de visitantes ao Brasil, a cobertura vacinal em relação a essa doença não é muito ampla e o sarampo continua a ocorrer. Há no país uma segurança razoável da imunização contra o sarampo em crianças. Já em relação aos adultos não se pode dizer o mesmo. Isso se deve ao fato de a cobertura vacinal contra a doença ter sido intensificada no Brasil a partir do final da década de 80. Praticamente todos os bebês nascidos desde então foram vacinados, mas quem tem mais de 20 anos pode não ter recebido a dose e, assim, estar suscetível à contaminação. Por isso é importante que todos os profissionais dos aeroportos, desde os aeroviários e taxistas até quem trabalha dentro das lojas ou das lanchonetes, tomem a vacina, caso não tenham se vacinado anteriormente. Turistas, agentes de viagens, guias turísticos, funcionários dos hotéis e profissionais do sexo também devem procurar os postos. Diante disso, o Ministério da Saúde recomenda às secretarias estaduais de municipais de Saúde que desenvolvam estratégias para intensificar a vacinação dos viajantes e dos profissionais da área de turismo. A aplicação da dose nessas pessoas deve ser realizada principalmente nas cidades que atraem mais turistas estrangeiros, como Rio de Janeiro, Florianópolis, Foz do Iguaçu e capitais do Nordeste. A vacina está disponível em qualquer posto de saúde, mas os próprios empresários de turismo, associações ou sindicatos do ramo podem procurar as representações do Programa Nacional de Imunizações (PNI) das secretarias estaduais de Saúde e elaborar ações de vacinação para grupos específicos. Nesses casos, o PNI fornece doses da vacina para aplicação nos profissionais. Poliomielite – Erradicada do Brasil desde 1994, a poliomielite ainda ocorre em regiões que mantêm estreita relação turística e comercial com o Brasil, como é o caso da África. Para garantir a erradicação da doença, o Ministério da Saúde promove, em parceria com estados e municípios, campanhas de vacinação contra a paralisia infantil, de forma a aplicar doses de reforço àquelas recebidas pelas crianças na rotina dos postos de saúde. Portanto, é importante manter o cartão de vacina da criança atualizado. A vacina é gratuita e está disponível nas salas de vacina do Sistema Único de Saúde (SUS). O último caso de paralisia infantil registrado no Brasil foi em 1989, na Paraíba. Febre tifóide e cólera – Provocada pela bactéria Salmonella typhi, a febre tifóide é uma doença transmissível associada a baixos níveis sócio-econômicos, em especial às precárias condições de saneamento, higiene pessoal e ambiental. A infecção ocorre pela ingestão de água ou de alimentos contaminados com fezes humanas ou com urina que apresentem a bactéria S. typhi. Algumas vezes pode ser transmitida pelo contato direto (mão e boca) com fezes, urina, secreção respiratória, vômito ou pus de indivíduo infectado. A vítima elimina a bactéria nas fezes e na urina, independentemente de apresentar os sintomas da doença. O tempo de eliminação das bactérias pode ser de até três meses. Portadores crônicos da febre tifóide podem transmiti-la por até um ano. Os principais sinais e sintomas da doença são febre alta, dores de cabeça, mal-estar geral, falta de apetite, retardamento do ritmo cardíaco, aumento do volume do baço, manchas rosadas no tronco, prisão de ventre ou diarréia e tosse seca. O paciente deve receber tratamento ambulatorial, basicamente com antibióticos e reidratação. Em casos excepcionais, é preciso internação para hidratação e administração venosa de antibióticos. Sem tratamento antibiótico adequado, a doença pode ser fatal em até 15% dos casos. Para se prevenir da doença, basta ferver ou filtrar a água antes de consumi-la, prevenir-se com higiene pessoal, saneamento básico e preparo adequado dos alimentos, evitar alimentação na rua e, se necessário, dar preferência a pratos preparados na hora, por fervura, e servidos ainda quentes. No caso da cólera, trata-se de uma doença diarréica infecciosa aguda, causada pelas bactérias Vibrio cholerae O1 e O139. Diarréia e vômito são as manifestações clínicas mais freqüentes. Os principais sinais e sintomas são variados, e vão desde infecções inaparentes até casos graves, com diarréia abundante e incontrolável, que pode levar a um estado de desidratação grave e choque. Na forma leve (mais de 90% dos casos), o quadro costuma iniciar de maneira insidiosa, com diarréia discreta, sem distinção das diarréias comuns. Também pode apresentar vômitos. Em crianças, pode acompanhar-se de febre. Nas formas mais graves, menos freqüentes (menos de 10% do total), o início é súbito, com diarréia aquosa, abundante e com inúmeras dejeções diárias. Nestes casos, outras manifestações clínicas podem ocorrer, tais como sede, rápida perda de peso, prostração, olhos fundos com olhar parado e vago e cãibras. Ao perceber alguns destes sintomas, um médico deve ser consultado. A ingestão de água ou alimentos contaminados por fezes ou o contato com o vômito do portador da bactéria que causa a cólera são as principais formas de infecção. Os alimentos e utensílios podem ser contaminados pela água, pelo manuseio ou por moscas. Peixes, crustáceos e frutos do mar, provenientes de águas contaminadas, comidos crus ou mal cozidos, têm sido responsabilizados por epidemias e surtos isolados. Também pode ocorrer a propagação pessoa a pessoa, por contato direto. As principais medidas de controle da cólera são: – Consumo de água de boa qualidade e em quantidade suficiente; – Destino e tratamento adequado dos dejetos humanos; – Destino adequado do lixo; – Bons hábitos de higiene pessoal e na manipulação dos alimentos. Agência Saúde

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