A bactéria Brucella, que causa a doença brucelose, foi encontrada em trabalhadores de abatedouros da Paraíba, conforme estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O artigo científico inédito foi publicado no periódico internacional “One Health Outlook”, em março deste ano, relatando os primeiros casos de brucelose em seres humanos na Paraíba.
Durante o estudo, entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022, foram testados 188 trabalhadores de abatedouros, localizados em Campina Grande, Patos, Santa Rita, Sapé, Itapororoca e Mamanguape. A pesquisa revelou que 4,2% dos participantes (16 trabalhadores) apresentaram resultados positivos para a doença.
A brucelose é uma zoonose, ou seja, uma doença que pode ser transmitida de animais para humanos. A transmissão ocorre através do contato direto com animais infectados ou consumo de produtos contaminados. Em humanos, a doença se manifesta com sintomas como febre intermitente, dores articulares, inflamação dos testículos, podendo causar até infertilidade. O tratamento é longo e feito com antibióticos.
O estudo mostrou que a falta de inspeção adequada nos abatedouros pode contribuir para a disseminação da doença. “A resistência ao uso de EPIs é também um problema grave, porque sem eles os trabalhadores ficam vulneráveis ao contato com o sangue e as vísceras dos animais infectados”, afirmou um dos pesquisadores do estudo, o professor do Departamento de Morfobiologia da UFPB, Arthur Willian Brasil. Ele acrescenta que, desta forma, o problema pode se tornar um risco para a saúde pública.
A brucelose é uma doença de notificação obrigatória e seu controle é regulado pelo Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT), que determina a vacinação compulsória, cuja aplicação é obrigatória por lei.