O Dia do Médico
João Medeiros Filho*
O privilégio do exercício da medicina norteado pelo compromisso com a solidariedade, a justiça, a ética e a dedicação ao próximo, constitui, por si só, motivo para nos orgulharmos do nosso mister e  comemorarmos  efusivamente esta data. Sem desmerecer as demais profissões, é fato que em nenhuma delas se penetra com tanta intimidade no âmago das pessoas, no seu corpo e na sua mente, como ocorre na prática médica. A relação médico-paciente, um rapport de respeito e reciprocidade, num ato de imensurável confiança, permite ao esculápio perscrutar seus queixumes e dúvidas, a angústia de um ser que ri e que chora, que ama e que sofre, invadir seu corpo a partir do exame o mais superficial até o mais profundo, ensejando, assim a missão sublime de remediar-lhe os males, ou, pelo menos, na sua impossibilidade, mitigar-lhe o padecimento. Decerto um grande diferencial do homem em relação à máquina, numa época de extraordinários avanços tecnológicos, do homo sapiens ao homem biônico, da manipulação gênica à robótica médica.
Uma reflexão desalentadora, no entanto, impõe-se, nos dias atuais: é evidente o cerceamento do nosso exercício profissional, seja pela incapacidade de os gestores públicos viabilizarem políticas no sentido de garantir condições adequadas de trabalho, qualificação e remuneração, seja pelo domínio das operadoras de planos de saúde, não raro privilegiando o enriquecimento, em detrimento do bem-estar do paciente e da autonomia do médico. E nesse particular, é pertinente a preocupação com o monopólio de multinacional, ao iniciar recentemente démarches visando a assumir o controle da maior operadora de planos de saúde do país.
As disparidades regionais, a distribuição iníqua, resultando na escassez de profissionais nos rincões mais afastados, apesar de contarmos hoje com mais 370.000 médicos, retratam claramente a falta de políticas públicas para a interiorização do médico.
São reflexões que nos preocupam, mas que não devem, em nenhuma hipótese, arrefecer nossos ânimos. Devemos sim, nos orgulhar da profissão que abraçamos, honrando o aforismo hipocrático, na busca incessante do bem-estar do nosso semelhante: sedare dolorem opus divinum est – sedar a dor é obra divina!
18 de outubro de 2012
*Presidente do Conselho Regional de Medicina da Paraíba

João Medeiros Filho*

O privilégio do exercício da medicina norteado pelo compromisso com a solidariedade, a justiça, a ética e a dedicação ao próximo, constitui, por si só, motivo para nos orgulharmos do nosso mister e  comemorarmos  efusivamente esta data. Sem desmerecer as demais profissões, é fato que em nenhuma delas se penetra com tanta intimidade no âmago das pessoas, no seu corpo e na sua mente, como ocorre na prática médica. A relação médico-paciente, um rapport de respeito e reciprocidade, num ato de imensurável confiança, permite ao esculápio perscrutar seus queixumes e dúvidas, a angústia de um ser que ri e que chora, que ama e que sofre, invadir seu corpo a partir do exame o mais superficial até o mais profundo, ensejando, assim a missão sublime de remediar-lhe os males, ou, pelo menos, na sua impossibilidade, mitigar-lhe o padecimento. Decerto um grande diferencial do homem em relação à máquina, numa época de extraordinários avanços tecnológicos, do homo sapiens ao homem biônico, da manipulação gênica à robótica médica.

Uma reflexão desalentadora, no entanto, impõe-se, nos dias atuais: é evidente o cerceamento do nosso exercício profissional, seja pela incapacidade de os gestores públicos viabilizarem políticas no sentido de garantir condições adequadas de trabalho, qualificação e remuneração, seja pelo domínio das operadoras de planos de saúde, não raro privilegiando o enriquecimento, em detrimento do bem-estar do paciente e da autonomia do médico. E nesse particular, é pertinente a preocupação com o monopólio de multinacional, ao iniciar recentemente démarches visando a assumir o controle da maior operadora de planos de saúde do país.

As disparidades regionais, a distribuição iníqua, resultando na escassez de profissionais nos rincões mais afastados, apesar de contarmos hoje com mais 370.000 médicos, retratam claramente a falta de políticas públicas para a interiorização do médico.

São reflexões que nos preocupam, mas que não devem, em nenhuma hipótese, arrefecer nossos ânimos. Devemos sim, nos orgulhar da profissão que abraçamos, honrando o aforismo hipocrático, na busca incessante do bem-estar do nosso semelhante: sedare dolorem opus divinum est – sedar a dor é obra divina!

18 de outubro de 2012


*Presidente do Conselho Regional de Medicina da Paraíba

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