Doar sangue é um ato nobre e necessário, porém, enfrenta uma série de dificuldades e tabus na Paraíba. A maior parte destes, segundo os responsáveis pelos hemocentros e hemonúcleos do Estado, dá-se por pura falta de conhecimento sobre a doação. Muita gente, infelizmente, ainda acredita em mitos que vão desde a contaminação por doenças contagiosas à perda de peso pelo simples fato de retirar das veias alguns milímetros de sangue. Hoje, quando se comemora o Dia do Doador, os dois Hemocentros do Estado – em João Pessoa e Campina Grande – celebram a data com uma certeza: a necessidade de aumentar cada vez mais o número de doadores em nível estadual e acabar de vez com os mitos que afastam dos bancos de coleta, pessoas que podem ajudar a salvar vidas com o simples gesto de oferecer um pouco de sangue. O Hemocentro Coordenador da Paraíba, situado na capital, diz que as doações têm atendido à demanda, mas que aumentar o número de doadores contribuiria para manter um estoque reforçado para assistir a pessoas com diversos tipos sanguíneos. A coordenadora de Serviço Social do Hemocentro Regional de Campina Grande, Fátima Mota, lembra que quanto mais doadores mais tipos de sangues serão armazenados e utilizados quando houver necessidades. Segundo ela, a maior carência está no fator RH negativo. \”Esse tipo de sangue é raro e o que menos entra no estoque dos hemocentros\”, garante. Fátima admite que em alguns casos de pacientes internados em hospitais do Estado com necessidade de RH negativo, o banco de sangue não teve como atender por falta do produto. Quando essas eventualidades acontecem, frisa a assistente social, nosso procedimento é orientar as famílias do doente a procurar um parente que tenha o mesmo fator, já que ele é raro. Os tipos mais doados são A e O positivo (considerado tipo universal). As maiores dificuldades encontradas, como salienta a assistente social Lindalva do Nascimento Brito, do Hemocentro Coordenador em João Pessoa, estão em desmitificar os conceitos que as pessoas ‘saudáveis’, com potencial doador, preconceberam do ato. \”Tem gente que acha que vai perder peso, ter anemia e até contrair doenças\”, revela Fátima Soares. A verdade, como enfatiza as assistentes sociais, é que a grande maioria das pessoas só doa sangue quando alguém pede. Atualmente, no Hemocentro Regional de Campina, uma média de 1.500 pessoas doam sangue por mês. A unidade conta com aproximadamente 10 mil doadores, mas que se submetem ao procedimento de forma diferenciada. Alguns são regulares (os chamados fidelizados, que doam a cada três meses), outros só aparecem uma vez, alguns, apenas em época de campanhas. Em todo o Estado, milhares de pessoas fazem parte da lista de doadores, mas nem todos são regulares, como adianta a coordenação paraibana dos dois hemocentros e os dez hemonúcleos. Hemocentro faz atividades em CG e JP Para o Dia do Doador, os Hemocentros Coordenador e Regional, respectivamente, em João Pessoa e Campina Grande, elaboraram um cronograma que desde o início da semana passada vem acontecendo com o apoio da população. Na capital, a diretora do hemocentro, Verônica Maria de Araújo Moraes, decidiu antecipar as comemorações para a sexta-feira, realizando na sede da entidade, no centro, diversas ações de saúde e cidadania. Entre as autoridades confirmadas para o evento, o secretário de Saúde do Estado, Geraldo Almeida. Além das ações de cidadania e saúde, as comemorações contaram com coleta externa na quarta-feira, na Escola de Enfermagem Nova Esperança, e no sábado passado (17), com uma ação realizada em parceria com o Banco do Brasil na praia de Tambaú, cujo objetivo foi cadastrar jovens e adultos para a lista de prováveis doadores de medula óssea. Dezenas de pessoas incluíram os nomes no cadastro, segundo informou o Serviço Social da unidade. Já em Campina Grande, o trabalho de coleta externa também começou na semana passada e na quarta-feira, uma equipe se concentrou na Praça da Bandeira para orientar e cadastrar pessoas para a doação fixa. Muitos, a exemplo do estudante Marcos Vasconcelos, aproveitaram para doar sangue pela primeira vez. \”Não estou com medo, mas apreensivo\”, contou. Hoje, a partir das 8 horas, acontecerá a 7ª Hemobike, com saída de fronte à sede do Hemocentro Regional, próximo da rodoviária nova, bairro do Catolé. O passeio ciclístico percorrerá várias ruas da cidade até o Parque da Criança, onde haverá o sorteio de três bicicletas. Qualquer pessoa pode participar e a expectativa é de que o evento reúna um grande número de ciclistas. (RA) Campanhas garantem estoques As campanhas são ainda as que mais ajudam a garantir bons estoques para os Hemocentros, os quais recebem sangue coletado também dos dez hemonúcleos espalhados pelas cidades de Picuí, Cajazeiras, Princesa Isabel, Catolé do Rocha, Guarabira, Sousa, Itabaiana, Araruna, Patos e Monteiro. As abordagens feitas pelas equipes das instituições e a metodologia usada nas campanhas tem surtido efeito positivo sempre, fala uma das assistentes sociais que integram a unidade de Campina Grande. Quando os serviços são levados ao povo, com bancos de coleta externo, mais gente doa sangue, embora o mesmo trabalho de orientação e as mesmas exigências do Ministério da Saúde para aceitar uma pessoa como doadora sejam explicadas durante essas ações. Nas praças e ruas, as campanhas chamam a atenção de muitos curiosos. Em algumas cidades brasileiras, os métodos utilizados para atrair o público são no mínimo ‘estranhos’ e contam com a colaboração de grupos isolados. Em Curitiba, no Paraná, recentemente, torcidas organizadas de clubes de futebol resolveram fazer uma medida de força, cujo parâmetro era a quantidade de sangue que cada torcida conseguisse doar num certo período de tempo. O gesto contribuiu em muito para os bancos de sangue locais e ajudaram vários pacientes internos nos hospitais da cidade. Já em Canoinhas (SC) uma organização denominada \”excursão do sangue\”, escolhe periodicamente uma cidade ou uma entidade e vai até lá, como uma verdadeira excursão, somente para doar sangue. Exemplos como esses têm um valor especial para quem está doente e precisa de transfusão. Na Paraíba, poderia haver grupos de pessoas que realizassem gestos semelhantes. \”O problema é que muitos que se conscientizam da necessidade de doar não correspondem aos critérios exigidos, enquanto os que deveriam, se recusam a ajudar\”, lembra Fátima Soares. Entre os critérios exigidos pelo MS, ter peso acima de 50 quilos, não ter contraído hepatite antes dos 10 anos, não ter contraído sífilis e não ser portador do HIV e outras doenças infecto-contagiosas. ESTOQUE Ao se aproximar do final do ano, a necessidade de aumentar o estoque dos bancos de sangue é urgente. Em João Pessoa e Campina Grande, os hemocentros já articulam campanhas com coletas externas para garantir as urgências nos hospitais. A assistente social Lindalva do Nascimento diz que nesse período as solicitações de sangue nos hospitais de emergência de João Pessoa, a exemplo do Hospital Universitário Lauro Wanderley e do Hospital de Emergência Trauma Senador Humberto Lucena, aumentam. A diretoria do hemocentro não informou o percentual de aumento na demanda, mas confirmou que os índices são significativos nessa época. Realizar coletas externas são muito vantajosas para as equipes e por isso, as medidas tomadas como prevenção para garantir os estoques no final do ano se firmam nessa idéia, a exemplo do que aconteceram nos anos anteriores. (RA)

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