Em todo o mundo, cerca de 9 milhões de pessoas sofrem a cada ano, desnecessariamente, com tuberculose (TB), uma doença que tem cura. Aproximadamente 80% dessas pessoas vivem em 22 países. O Brasil ocupa o 16º lugar entre esses países. Porém, nos últimos três anos, graças a uma importante estratégia das autoridades políticas, nas esferas nacional, estaduais e municipais, e ao trabalho dos mais competentes técnicos da área, o Brasil reestruturou suas ações contra a tuberculose e alcançou um significativo progresso. O país adotou a estratégia recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o controle da TB e conseguiu, graças a sua rápida implementação, superar os 50% de cobertura dos serviços com essa estratégia. Essas são algumas das observações da Missão de Alto Nível Stop TB Partnership, que repassou hoje ao ministro da Saúde, Saraiva Felipe, a avaliação positiva do Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) do Ministério da Saúde. A missão ainda apresentou ao ministro o Plano Global de Combate à Tuberculose para o período 2006-2015, lançado na semana passada, no Fórum Econômico Global, em Davos. A idéia é firmar o Brasil como líder em favor do Plano junto aos países da América Latina. O Plano é importante porque a tuberculose está incluída entre as metas de desenvolvimento do milênio. Saraiva Felipe disse aos integrantes da Missão Stop TB Partnership (coalizão formada por mais de 250 parceiros internacionais) que o êxito do PNCT é fruto de uma política pública obstinada. Porém, o mais importante é a adesão da sociedade, parceira fundamental para o sucesso do programa, enfatizou o ministro. Ele observou, ainda, que o progresso do combate à tuberculose no Brasil é reconhecido, mas os números ainda preocupam. Afinal, mais de 80 mil brasileiros contraem tuberculose a cada ano, e, em alguns estados, a incidência da doença é de mais de 100 casos por 100 mil pessoas, tão grave quanto o que ocorre nos países que têm os maiores números da doença. Para este ano, teremos o maior orçamento já reservado para o combate à doença: cerca de R$ 119 milhões, já alocados, que vão se juntar aos US$ 27 milhões repassados pelo Fundo Global, disse Saraiva Felipe. Doença x pobreza – Em muitos lugares, tuberculose é a mais comum doença-oportunista associada ao HIV/Aids. A interação entre TB e a epidemia de HIV/Aids é tamanha que, no total, 9% das pessoas com tuberculose também estão infectadas pelo HIV/Aids. A TB é também uma doença bastante associada à pobreza, com muitos dos casos da doença identificados entre os mais pobres e entre os que estão à margem da sociedade. Principais pontos observados pela Missão Stop TB: 1. A mais efetiva estratégia para o controle da TB, mundialmente, é o tratamento supervisionado (DOTS). O primeiro elemento dessa estratégia é o compromisso político. Nos anos recentes, o Brasil tem demonstrado um impressionante compromisso político nas esferas nacional, estaduais e municipais. 2. O trabalho do Brasil para efetivamente integrar a tuberculose entre as prioridades do programa Saúde da Família é exemplar. Esta é uma ação que falhou em vários países, mas aqui funciona muito bem, como pudemos observar em locais visitados no Rio de Janeiro e em São Paulo. O futuro do controle da TB depende largamente da efetiva integração da TB aos serviços básicos de saúde, ao mesmo tempo em que são mantidas as diretrizes do Programa Nacional de Controle da Tuberculose. 3. O Brasil tem obtido excelentes resultados com seu programa, inclusive com o progresso no número de pacientes curados e na redução do abandono de tratamento.. 4. O Brasil tem estendido as diretrizes da Stop TB às esferas nacional e estadual, notadamente nos estados do Rio de Janeiro e em São Paulo. Tal ação tem sido marcante por unir a sociedade civil, o poder público, representantes comunitários, a comunidade técnica e de pesquisa e outras pessoas/instituições dedicadas à luta contra a tuberculose. Recomendações feitas pela Missão Stop TB: 1. Recomendamos o máximo esforço para a manutenção do maior compromisso político possível em todas as esferas de gestão, com o objetivo de alcançar as Metas do Milênio da Organização das Nações Unidas (ONU) para o controle da tuberculose: reduzir a incidência da doença até 2015 e reduzir sua prevalência e mortalidade à metade até este mesmo ano, em comparação com 1990. 2. Para alcançar os objetivos programáticos nacionais, o Brasil precisa de um plano estratégico para o controle da tuberculose até 2015. O país deve planejar sua estratégia levando em consideração seus próprios recursos orçamentários e perseguir intensamente essa estratégia até que seus alvos sejam alcançados. A comunidade internacional da Stop TB está pronta para manter o apoio aos esforços brasileiros. 3. Continuar a expansão do tratamento supervisionado (DOTS), incluindo a excelente integração da tuberculose nos serviços básicos do programa Saúde da Família. 4. O Brasil deve manter o progresso alcançado aperfeiçoando a análise de dados e seu sistema de informação, bem como manter seus investimentos no aperfeiçoamento da rede de laboratórios. 5. No âmbito do sistema de saúde, o Brasil deve investir numa forte integração entre os programas de TB e HIV (para enfrentar a ameaça da tuberculose multidroga resistente), nas pesquisas sobre resistência a medicamentos atualmente em curso. 6. Reconhecendo o papel importante do Brasil no plano internacional e a estreita relação que o país tem com a luta contra a pobreza, propomos que o Brasil seja um líder mundial na luta contra a tuberculose  uma doença da pobreza. Agência Saúde

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