O Ministério Público Estadual está movendo uma ação civil pública que determina a normalização do atendimento a pacientes que precisam de cirurgias cardiovasculares. Se for julgada procedente, a ação força os médicos cirurgiões, em greve há sete dias, a voltarem a atender normalmente nos hospitais Santa Paula e Dom Rodrigo, em João Pessoa. Na manhã de ontem, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) transferiu de helicóptero dois pacientes cardiopatas para o Hospital João XXIII, em Campina Grande. A diretora do Sistema de Regulação da SMS, Mércia dos Santos, disse que ontem a Clínica Dom Rodrigo, na Capital, já se dispôs a atender os pacientes em situação mais crítica. Por enquanto, a SMS não precisará transferir pacientes para os Estados de Pernambuco e Rio Grande do Norte. A ação foi apresentada pela curadora da Saúde, Ana Raquel Beltrão, que prevê, no caso do descumprimento pelos médicos, multa diária de R$ 10 mil. Os médicos reivindicam aumento do valor pago por cirurgia, que é determinada em R$ 3 mil pela tabela do (SUS). A medida foi anunciada após a morte da paciente Elizângela Souza, no domingo, que não foi atendida em virtude da suspensão dos serviços. Segundo a curadora, o pedido deveria ser encaminhado ainda ontem à Justiça Comum a quem caberá julgar o mérito da ação. Hospitais recusam doentes há meses De acordo com Carlo Endrigo Nunes, coordenador médico do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) em João Pessoa, o não atendimento a pacientes em hospitais credenciados pelo SUS ocorre há meses, inclusive a pacientes cardiopatas. \”Tivemos o caso de um homem infartado que passou mais de duas horas e meia à espera de atendimento\”, disse. Mércia dos Santos disse que ontem pela manhã um paciente já havia recebido atendimento na Clínica Dom Rodrigo, que tinha suspendido atendimento. Mesmo assim, ela assegurou que as secretarias de saúde de Recife (PE) e Natal (RN) já foram acionadas e concordaram em receber pacientes paraibanos, caso seja preciso. Situação dos removidos Na manhã de ontem os pacientes Ramiro Vicente da Silva, de 40 anos, e Fernando Bezerra de Melo, de 60 anos, foram transferidos de helicóptero para o Hospital João XXIII, em Campina Grande. O procedimento foi realizado pelo Serviço Móvel de Urgência (Samu) e acompanhamento pelo prefeito Ricardo Coutinho. Ele afirmou que a prefeitura não vai permitir que a população fique refém do impasse envolvendo os médicos cardiologistas, em greve desde o último dia 16, e as negociações salariais com a Secretária de Saúde. A coordenadora do Samu, Roberta Abath, lembrou que os pacientes foram transferidos devido á greve dos oitos cardiologistas cirurgiões que operam pelo SUS, na Capital. Os pacientes foram relocados do Hospital Prontocor numa ambulância até a sede do Samu, em Água Fria. De lá, foram levados de helicóptero para Campina. Roberta disse que a transferência foi feita através de aeronave por conta da situação grave de Ramiro, que sofre de insuficiência cardíaca e precisa se submeter a uma cirurgia de troca de válvula com urgência. Ele estava interno na UTI do Prontocor, desde o último sábado. Já Fernando Bezerra também precisa passar pelo processo cirúrgico o quanto antes, para a desobstrução de veias, através de revascularização. Fernando sofre de cardiopatia isquêmica e chegou ao Prontocor ontem. Recepção no João XXIII Campina Grande – O helicóptero da Polícia Rodoviária Federal pousou no aeroporto João Suassuna às 11h30, trazendo o paciente Ramiro Vicente da Silva, que foi encaminhado numa ambulância do Samu ao Hospital João XXIII. Ele foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) onde se submeteu à avaliação médica. O outro paciente, Fernando Bezerra de Melo chegou ao hospital pouco antes das 16h e também passou por uma avaliação médica. Hoje, a equipe médica do hospital deve dizer quando os pacientes serão cirurgiados. Fonte: Correio da Paraíba