14 de novembro de 2011

A Justiça Federal da Paraíba intimou a União, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o Estado da Paraíba e o município de João Pessoa para prestar esclarecimentos, em um prazo de 72 horas, sobre a desativação das cirurgias cardíacas no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW). O pedido já consta no portal da Justiça, porém, até o fechamento desta edição, nem o diretor do HU, João Batista, nem o Reitor da UFPB, Rômulo Polari, haviam recebido as intimações. Enquanto isso, as cirurgias eletivas também continuam suspensas desde o último dia 31, somando mais pacientes a uma lista de espera que já conta com, pelo menos, 724 pessoas, algumas delas que esperam desde outubro de 2009.

O pedido de esclarecimentos é proveniente da ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal (MPF) no último dia 4, o qual requere o retorno, em 20 dias, da realização de procedimentos cirúrgicos cardíacos no HU, que estão paralisados desde dezembro de 2010. O MPF aponta ainda que os equipamentos estão abandonados, correndo o risco de deterioração e de um prejuízo de milhões de reais investidos para sua aquisição. A ação civil pública pede ainda que os réus forneçam os recursos necessários para reativar e possibilitar o pleno funcionamento da unidade coronariana do hospital e os leitos de unidade de terapia intensiva correspondentes.

Na manhã de ontem, os diretores do hospital se reuniram para começar a discutir a solução dos problemas do hospital. “O objetivo da reunião foi preparar a compra dos materiais, com a finalidade de nos anteciparmos às solicitações do judiciário, para que a gente corrija o quanto antes as questões do bloco cirúrgico e de insumos para todo o hospital”, disse João Batista, diretor do HU.

 

Pacientes acumulam prejuízos

De acordo com informações da assessoria de imprensa do Hospital Universitário, antes da paralisação total das cirurgias eletivas, no dia 31 de outubro, o HU realizava cerca de 12 cirurgias por dia e uma média de 250 por mês, nas 13 especialidades médicas oferecidas: cirurgias gerais; infantis; vasculares; torácicas; plásticas; urológicas; ginecológicas; proctológicas; bariátricas; do aparelho digestivo; de otorrinolaringologia, mastologia; de cabeça e pescoço. Porém, com a paralisação das atividades, a lista de pacientes à espera de cirurgia, que ainda possui requisições de outubro de 2009, só tende a aumentar.

Segundo informações da médica residente em Cirurgia Geral, Lorena Sousa Oliveira, a lista já possui 724 pessoas. Esses pacientes já têm exames pré-operatórios prontos, estando apenas aguardando a autorização para cirurgia. São 129 para cirurgia abdominal, 77 de hérnia, 119 urológica, 188 de cabeça e pescoço, 305 ginecológicas, 14 da mama e 21 bariática. “E esta é apenas uma lista preliminar, pode haver bem mais”, enfatizou a médica.

Maria de Lourdes Bento é uma das três pacientes internadas que esperam transferência para realização de cirurgia, conforme denúncia feita ontem pelo CORREIO. “Estou aqui já faz um mês, só esperando. Eles dizem que não tem medicamento, que não tem vaga para cirurgia. Eu moro em Patos, mas tenho ficado aqui direto desde a internação. Sinto dores na barriga e nas costas, porque tenho um ‘probleminha’ no fígado, mas só me dizem para esperar. Eu tenho é pena das minhas filhas, que ficam gastando 90 reais pra ir e vir de Patos”, desabafou.

João Luiz da Silva é outro paciente que completa amanhã um mês de internação. “Eles disseram que iam me transferir para eu fazer minha cirurgia, mas estou aguardando até hoje. Dizem só que não tem material. Já disseram três vezes que eu ia ser operado, mas toda vez que eu chegava para a sala de cirurgia, eles diziam que ia ter que cancelar, porque não tinha equipamento”, contou. O filho do paciente, Daniel Luiz da Silva, disse que já gastou R$ 500 desde que o pai deu entrada no hospital. “A gente tem que ficar vindo pra cá, o transporte é caro. Mas não podemos deixar meu pai aqui. O problema é que a gente é pobre, não tem condições de ficar vindo”, explicou.

 Mesmo as cirurgias de urgência são feitas com dificuldade

Desde o dia 31, apenas as cirurgias de urgência estão sendo realizadas. Contudo, de acordo com o médico residente em Cirurgia Geral, Rodolfo Lúcio Alves Tito, mesmo esse tipo de procedimento está sendo feito de forma precária. “Só estamos fazendo as cirurgias simples, como raspagem de feridas, limpar ferimentos, aplicar anestesia, colocar uma sonda para pacientes com câncer de esôfago, por exemplo. Cirurgias grandes mesmo, não temos como fazer”.

Este, aliás, é o temor da médica residente Lorena Sousa Oliveira. “Não sei o que vai acontecer quando precisarmos realizar um procedimento maior. Não temos condições, faltam materiais e equipamentos. Outro dia, tivemos que transferir uma criança que necessitava de uma cirurgia torácica para o Arlinda Marques, porque não tínhamos condições aqui. Apesar disso, a criança foi operada pelos médicos e enfermeiros do HU, porém teve que ser no Arlinda Marques”, disse.

Fonte: Correio da Paraíba

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