Na manhã desta quarta-feira, dia 21 de novembro, na sede da Associação Médica Brasileira (AMB), em São Paulo, representantes das entidades médicas nacionais e paulistas reuniram-se com jornalistas de vários veículos de comunicação, para anunciar como será articulado o movimento de protesto em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), organizado pela Comissão Nacional Pró-SUS. Estavam presentes à mesa de debates os presidentes da Associação Médica Brasileira (AMB), José Luiz Gomes do Amaral, do Conselho Federal de Medicina (CFM), Edson de Oliveira Andrade, da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Eduardo Santana, da Associação Paulista de Medicina (APM), Jorge Carlos Machado Curi, do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Cid Carvalhaes, o vice-presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), Luiz Alberto Bacheschi, e o coordenador da Comissão Nacional Pró-SUS, Geraldo Guedes. “Queremos comunicar à sociedade que, a partir de hoje, inicia-se uma reflexão profunda sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) e que os médicos não mais se sujeitarão às péssimas condições de trabalho e salário”, disse o presidente da AMB, José Luiz Gomes do Amaral. Em sua fala, ele apresentou um panorama da situação da saúde pública no Brasil: defasagem da tabela de honorários do SUS, extinção do Código 7 – mecanismo que garantia ao médico o pagamento direto pelo procedimento realizado – e inexistência de um plano de cargos e carreira que ofereça perspectivas de trabalho e distribuição adequada dos profissionais pelo Brasil. “Este cenário faz com que os médicos se afastem do SUS”, completou Amaral. Para o presidente do CFM, Edson de Oliveira Andrade, o movimento é uma forma de denunciar a desesperança nacional em relação ao SUS. “Este não é um problema só dos médicos, é um problema da sociedade brasileira. Os médicos fazem assistência à saúde como podem, dentro das condições que o Estado proporciona, mas está longe de ser como a população merece”, disse. Já o presidente da Fenam, Eduardo Santana, disse que o sistema público de saúde vive uma situação indigna tanto para quem oferece o trabalho quanto para quem recebe. “Se fomos cúmplices em trabalhar nesta situação desqualificada, foi culposo. Mas se continuarmos a aceitar, será doloso. Este protesto é uma atitude cidadã”, afirmou. “Precisamos fazer com que este movimento não resulte em mais promessas e sim em algo que realmente mude a situação. Este é um momento de virada e é importante que a população saiba globalmente o que está acontecendo na saúde deste país”, disse o presidente da APM, Jorge Curi. Movimento Segundo o coordenador da Comissão Nacional Pró-SUS, Geraldo Guedes, o intuito do protesto é pedagógico, ou seja, conscientizar a sociedade da situação caótica, decorrente do subfinanciamento, enfrentada tanto por médicos como por pacientes dentro do sistema público de saúde. Aos jornalistas ele explicou também que o movimento de protesto durará 90 dias e consiste em ações que podem durar de 30 minutos a duas horas, dependendo do tamanho da instituição, atos públicos, atividades de sensibilização das três esferas de poder e reuniões com autoridades financeiras do país para discutir o subfinanciamento da Saúde. “Não faremos um movimento total envolvendo todos os estados. As comissões estaduais vão divulgar regularmente boletins parciais com os passos a serem dados na semana”, disse Guedes. Para esta quarta-feira estão programadas mobilizações nos estados de Minas Gerais, Pernambuco, Goiás e Rio Grande do Norte. Enquanto estiverem mobilizados, os médicos irão conversar com os pacientes a fim de esclarecer a real situação da saúde pública no Brasil. “Nossa data limite é 5 de março. Até lá, vamos negociando com o governo e fazendo os protestos, mas se não tivermos garantido em 90 dias o PAC da Saúde, tomaremos atitudes mais drásticas”, afirmou o coordenador da Comissão Pró-SUS. O presidente da AMB, José Luiz Gomes do Amaral, relatou aos repórteres que o estopim para o lançamento da manifestação em defesa do SUS foi a forma como a regulamentação da Emenda 29 foi aprovada, no último dia 31 de outubro. “O texto original foi totalmente desfigurado e o investimento do ano que vem (R$ 24 bilhões) foi fracionado até 2011. Mesmo assim, não usaremos a assistência à saúde como chantagem e não existe a possibilidade de deixarmos os pacientes desassistidos”, garantiu.

Spotify Flickr Facebook Youtube Instagram
Aviso de Privacidade
Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar o Portal Médico, você concorda com a política de monitoramento de cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse Política de cookies. Se você concorda, clique em ACEITO.