Diante do aumento de mais de 100% do número de pessoas infectadas pelo novo coronavírus na Paraíba, e de quase 55% no número de óbitos, no intervalo de uma semana, o Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) propõe a criação de um gabinete de crise único para a troca de informações diárias sobre a epidemia de Covid-19, para que as autoridades competentes possam tomar as decisões com base nas evidências científicas. A sugestão é que o gabinete seja coordenado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), com a participação das secretarias dos municípios, das sociedades de especialidades médicas e representantes do Ministério Público e sociedade civil.

 

Os dados do Boletim Epidemiológico da SES, divulgados hoje (5 de maio), mostram que a Paraíba já tem 1.361 pessoas que testaram positivo para o coronavírus. No boletim da semana passada (28 de abril), este número era 633. Houve um aumento de 115%. Neste mesmo intervalo de tempo, o número de óbitos cresceu quase 55%, passando de 55 para 85. “Observamos um agravamento da epidemia em nosso Estado e um possível colapso no número de leitos de UTI nos hospitais. Tememos que os leitos se tornem insuficientes para os casos graves da infecção, por isso, sugerimos a união das autoridades constituídas e adoção de algumas medidas de prevenção e planejamento. Estamos nos colocando à disposição para ajudar no que for necessário”, afirmou o presidente do CRM-PB, Roberto Magliano de Morais.

 

Dentre as sugestões do CRM-PB, estão a de que o Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, em Santa Rita, atenda exclusivamente casos de Covid-19, transferindo-se temporariamente para outros hospitais a responsabilidade de absorver os casos de cardiologia e neurologia. “Cerca de 85% dos casos da doença ocorrem na região metropolitana de João Pessoa. O Hospital Metropolitano é o mais moderno e estruturado do estado, com excelentes profissionais”, disse Magliano.

 

Ele também propõe que os gestores convidem os profissionais de terapia intensiva a participar das ações de enfrentamento ao coronavírus. “Esta é uma das especialidades mais necessárias neste momento de crise, visto que os casos graves ficam internados por longo tempo. Há poucos profissionais com esta titulação no estado, mas muitos, mesmo com reconhecida experiência, não estão trabalhando nestas ações”, completou o presidente do CRM-PB.

 

Por fim, o CRM-PB sugere que os gestores divulguem com mais clareza as informações sobre a gravidade do momento para que a população cumpra as recomendações de evitar aglomerações e ficar em casa. Segundo Roberto Magliano, é preciso mostrar que o vírus está se disseminando rapidamente, que existem leitos disponíveis ainda em quantidade suficiente, mas que em poucos dias poderão se esgotar.

 

“Estimativas diárias da quantidade de leitos serão necessárias para que se possa calcular em que momento a capacidade máxima instalada entrará em colapso ou se poderemos superar esta crise sem ter de chegar à difícil situação por que passam outros estados, onde os médicos estão tendo de escolher entre vários paciente graves, aquele que receberá tratamento em detrimento de outros igualmente necessitados”, completou.

 

Aumento de 153% no número de profissionais de saúde infectados

 

O Boletim Epidemiológico da SES divulgado nesta terça-feira (5) mostra também que dos 1.361 paraibanos infectados pelo novo coronavírus, 160 são profissionais de saúde. No boletim da semana passada, eram 63 destes profissionais acometidos pela doença. Em uma semana, portanto, houve um aumento de 153%.

 

“Os profissionais de saúde estão na linha de frente e precisam de todo o suporte das unidades de saúde para atenderem bem os pacientes e não serem contaminados. Quanto mais médicos infectados, menos profissionais teremos para enfrentar essa batalha”, destaca o presidente do CRM-PB. Ele foi um dos médicos infectados pela Covid-19 e está entre os mais de 200 paraibanos recuperados.

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