O presidente do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM/PB), Dalvélio Madruga, concedeu entrevista coletiva à imprensa na tarde desta sexta-feira (24 de agosto) para esclarecer diversas questões que vem acometendo a saúde pública do Estado. Além de Dalvélio, o corregedor Eurípedes Mendonça, o secretário João Medeiros e o diretor de fiscalização João Alberto Morais fizeram diversas explanações sobre os últimos acontecimentos na área de saúde da Paraíba. “Estamos vivendo uma crise nacional na saúde, principalmente pela falta de financiamento do serviço público. Queremos mostrar claramente o que vem acontecendo com a saúde na Paraíba para que os médicos não sejam responsabilizados depois. Estamos em uma situação crítica e os mais penalizados são a população e o médico”, ressaltou Dalvélio Madruga. Especificamente com relação à Paraíba, o presidente do CRM destacou que está instalado um caos há muito tempo e que apenas agora, com a morte de uma paciente cardiopata, a imprensa vem alardeando a situação. “Infelizmente foram feitas muitas acusações aos médicos depois da morte da senhora Elizângela. Os cirurgiões cardiovasculares vêm prestando um serviço importantíssimo à população há vários anos. Esses mesmos médicos vêm alertando aos gestores públicos que não condições dignas de trabalho, nem remuneração satisfatória”, frisou o presidente do CRM/PB. Caso Elizângela: CRM abriu sindicância O corregedor do CRM Eurípedes Mendonça explicou que o conselho abriu uma sindicância para apurar a morte da paciente Elizângela de Sousa Ferraz, no dia 19. “O CRM/PB funciona como um tribunal para julgar os médicos da Paraíba. Mas antes mesmo de haver qualquer investigação já havia órgãos de imprensa taxando os médicos de mercenários e assassinos. Isso é uma irresponsabilidade”, afirmou. Quanto à sindicância foi apurado pelo CRM que não houve negligência, nem omissão de socorro, nem descumprimento do Código de Ética Médica, por parte de médico algum. Eurípedes citou o artigo 24 do Código que diz que é direito do médico suspender suas atividades quando a instituição pública ou privada não oferecer condições de trabalho adequadas ou remuneração digna. Quanto aos cirurgiões cardiovasculares de João Pessoa, eles têm recebido em média R$70,00 por procedimentos que podem durar até 6 horas. “Por isso, não houve descumprimento do código. Essa é uma remuneração vil”, completou. Os médicos devem atender, no entanto, em casos de urgência e emergência, conforme o artigo 35 do Código de Ética Médica. Eurípedes Mendonça explicou que no caso de Elizângela, quando ela entrou em caso de urgência, a família telefonou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e foi prontamente atendida. A paciente, no entanto, faleceu a caminho do hospital. “Com esses fatos, está claro que não houve omissão de socorro”, completou. Desta forma, os 14 conselheiros do CRM votaram por unanimidade pelo arquivamento da sindicância. Fiscalização nos hospitais Além das questões relacionadas ao caso da morte de Elizânagela Ferraz, o CRM mostrou a atual situação dos hospitais da Paraíba. O diretor de fiscalização do órgão, João Alberto Morais, mostrou fotografias e constatações da visita feita a 106 municípios paraibanos entre os meses de janeiro e agosto deste ano. “A Paraíba não possui nenhum hospital público em condições adequadas de funcionamento”, ressaltou. “Foi preciso ocorrer uma morte para que a opinião perceba o caos que está instalado há anos. Várias Elizângelas já morreram aqui no Estado por não terem uma assistência médica adequada”, afirmou João Alberto. Ele acrescentou que todo esse material feito pela fiscalização do CRM já foi entregue ao Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, Secretarias Estadual e Municipal de Saúde. “Todos eles são cientes do que está ocorrendo na Paraíba e do trabalho que vimos fazendo”, completou o diretor de fiscalização.

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