O Conselho Regional de Medicina da Paraíba realizou, nesta quarta-feira (11), mais uma fiscalização no Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena. A ação foi motivada por uma denúncia de um médico protocolada na entidade esta semana. Durante a fiscalização, o Conselho destacou como principais problemas a superlotação e a ausência de manutenção na estrutura física do hospital, além da falta de cirurgiões pediátricos.

O 1º Secretário do CRM-PB, Roberto Magliano, destacou que a situação do Hospital de Trauma é lamentável e desumana. “O quadro que encontramos no hospital se assemelha a uma situação de guerra. É preciso que a sociedade civil organizada se mobilize para cobrar uma solução para o que estamos presenciando na saúde pública do Estado”, disse.

Durante a vistoria, que é uma ação de rotina do CRM-PB em instituições hospitalares de todo a Paraíba, foi possível identificar o excesso de pacientes no hospital. Algumas áreas destinadas à circulação estão ocupadas por pacientes em macas e cadeiras de rodas. Alguns estão no local há semanas esperando a realização de cirurgias. “Identificamos cerca de 70 leitos improvisados no hospital, que está atendendo bem além da sua capacidade. Esta situação provoca uma sobrecarga no atendimento do médico que passa a ter que se desdobrar para dar assistência aos pacientes”, ressaltou o diretor do Departamento de Fiscalização, Eurípedes Mendonça.

De acordo com Fernando Serrano, conselheiro e tesoureiro da entidade, a superlotação do hospital está relacionada a dois fatores. O primeiro é o aumento da demanda de pacientes, motivada pela violência urbana e pelos acidentes automobilísticos. O segundo fator é a precarização dos hospitais do interior do Estado, como os de Campina Grande e Patos. “Se o Hospital de Trauma não recebesse os pacientes seria muito pior. Eles poderiam morrer sem atendimento, mas é preciso se buscar uma solução para essa situação. O que encontramos no hospital é caso para interdição ética, mas não podemos fazer isso para não prejudicar a população”, disse o médico.

A fiscalização do CRM-PB foi realizada pelos conselheiros: Roberto Magliano (1º Secretário), Walter Azevedo (2º secretario), Fernando Serrano (tesoureiro) e Eurípedes Mendonça (diretor do Departamento de Fiscalização). O diretor administrativo do hospital, Ginaldo Lago, acompanhou parte da vistoria.

 

Manutenção

Um dos pontos da denúncia recebida pelo CRM-PB foi em relação às infiltrações nas paredes do hospital. A equipe da entidade verificou que a informação é procedente e alertou para os riscos que relacionados a esta situação. “Detectamos infiltração e mofo em várias paredes do hospital. Em uma área hospitalar, isso pode trazer sérios riscos para saúde dos pacientes”, disse Eurípedes Mendonça.

O conselheiro ainda alertou que é de fundamental importância os cuidados com a manutenção física do hospital, já que a instituição deve se destacar por ter uma aparência de limpeza e higiene. “Se o que podemos ver a olhos nus está precário, imagina o que só podemos ver com a ajuda de equipamentos específicos”, ressaltou o diretor do Departamento de Fiscalização da entidade.

 

Suspensão

A fiscalização do CRM-PB foi suspensa por alguns minutos em função de uma ação do setor de comunicação do Hospital de Trauma. De acordo com Roberto Magliano, o assessor de imprensa estava acompanhando a fiscalização do CRM-PB com uma câmera filmadora, fato que objetivava intimidar a vistoria. Foi necessária a intervenção do diretor administrativo do hospital, Ginaldo Lago, para que o Conselho prosseguisse a fiscalização sem o registro de imagens do assessor. “Somos um autarquia federal que tem autorização para fiscalizar qualquer unidade hospitalar. Uma ação como essa tenta inibir o nosso trabalho, prejudicando o apanhado de relatos de pacientes e profissionais de saúde”, disse Roberto Magliano.

 

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