silvanasorayamartins“Estamos fazendo história nessa guerra, somos guerreiros, mas precisamos de proteção”

Para a médica Silvana Soraya Martins, a luta diária contra o coronavírus não tem sido fácil, mas os agradecimentos e os depoimentos positivos de pacientes e familiares são emocionantes e dão forças para continuar a batalha. “A afetividade, o abraço e o beijo fazem muita falta. Mas eu decidi que tinha que dar minha contribuição”, diz a médica que trabalha na linha de frente contra a covid-19 desde o início da pandemia, no Hospital da Unimed, em João Pessoa.

Apesar das angústias, ela ressalta que os médicos devem continuar em seu ofício, se protegendo, exigindo os EPIs e a vacina. Para a população, ela pede cautela. “Devemos ter calma, que logo voltaremos à vida ‘normal’. Vamos permanecer usando máscaras, evitar aglomeração e não deixar de vacinar. A melhor vacina sempre será a que estiver disponível”.

Silvana Soraya é formada em Medicina pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e com especialização em Administração dos Serviços de Saúde pela Universidade de Ribeirão Preto, em Medicina do Trabalho pela Universidade São Francisco em São Paulo e em Saúde da Família pelo Ministério da Saúde. A seguir, a entrevista completa.

Como tem sido para a sra trabalhar em hospital referência covid durante a pandemia?
Tem sido gratificante. Me sinto orgulhosa por fazer parte de uma equipe que fez a diferença no tratamento de Covid, no Estado da Paraíba. Sempre me emociono com os depoimentos de agradecimento de pacientes e familiares. Quando iniciou a pandemia eu estava afastada do trabalho porque tinha operado o ombro e, 15 dias após, a vesícula. Então, eu ficava acompanhando os grupos de colegas médicos pelas redes sociais e ficava angustiada por não estar fazendo parte do contexto. Tinha acabado de me aposentar do serviço público. Assim eu decidi que eu deveria dar minha contribuição, apesar da minha família me pedir para não me expor tanto, já que tenho comorbidades.

Como tem sido a sua rotina de trabalho? Mudou muito após a pandemia?
Nos primeiros meses eu trabalhava todos os dias. Ao chegar em casa eu tirava o calçado, deixei um local para colocar minhas roupas, tomava banho, lavava o cabelo várias vezes no dia (isso pra mulher é terrível). Tinha muito medo de contaminar a mim e a minha família. A pandemia mudou o comportamento das pessoas. A afetividade, o abraço e o beijo fazem muita falta. O que mais me faz falta desde o início da pandemia é o contato com a minha mãe que está muito restrito.

Há algumas semanas temos visto a diminuição do número de óbitos e de casos graves de covid-19 na Paraíba, com uma menor ocupação dos leitos de UTi. A sra atribui isso a quais fatores?
Atribuo à vacinação que já está bem adiantada, além do número de pessoas que já tiveram, que já obtiveram “imunidade”, diminuindo assim a circulação do vírus na população geral.

Os profissionais de saúde já estão exaustos em quase um ano de trabalho árduo na pandemia. Qual a mensagem a sra pode dar a eles?
Que continuem se protegendo, não descuidem do uso de EPI’s. Se o serviço não oferecer condições de trabalho adequadas entre em contato com as entidades médicas (CRM e Sindicato dos Médicos). Estamos fazendo história nessa guerra, portanto somos guerreiros mas temos que usar armaduras para nossa proteção. Aos recém-formados que ainda não foram vacinados, exijam só iniciar o trabalho se disponibilizarem vacinas e EPI’s.

O que a sra pode dizer à população que ainda promove aglomerações e não segue as medidas sanitárias?
Peço que tenham calma, logo logo poderemos voltar à vida “normal”. Alguns países já estão diminuindo a obrigatoriedade da máscara. Por exemplo: a Itália já está com a classificação branca. Sendo assim, devemos permanecer utilizando máscaras que cubram nariz e boca. Evitem aglomeração. E, por fim, não deixem de se vacinar. A melhor vacina sempre será a que estiver disponível.

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