Crianças que têm cardiopatia grave continuam sofrendo à espera de cirurgias na Paraíba. Pelo menos três delas aguardam há cerca de seis meses para realizar o procedimento, segundo o médico Grimberg Botelho, coordenador do Serviço de Cardiopatia Pediátrica do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HU). \”O número pode ser ainda maior\”, revelou. O problema principal é que nenhuma unidade da Paraíba realiza esse tipo de cirurgia e as crianças têm que ser transferidas para Recife, que já registra excesso de atendimento. O médico explicou que as três crianças são menores de quatro anos e sofrem de problemas cardíacos identificados desde o nascimento. \”Elas têm que esperar para fazer o procedimento por conta da cota habitual estabelecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS)\”, contou, dizendo que o único local da região que realiza essas cirurgias é o Real Hospital Português, na capital de Pernambuco, que disponibiliza apenas três leitos na UTI infantil para pacientes cardiopatas credenciados no SUS. Ele falou que, além dos pacientes de Pernambuco, a unidade hospitalar também recebe pacientes da Paraíba e de Alagoas. Assim, os casos mais graves são atendidos com prioridade, enquanto os demais precisam aguardar o surgimento de vagas. Botelho ressaltou ainda que no caso dos bebês, que têm pouco peso e que sofrem de cardiopatias complicadas, a espera é crucial e pode agravar ainda mais o quadro de saúde dos pequenos. HU pode oferecer serviço este ano Na Paraíba nenhum dos três hospitais que realizam cirurgias cardíacas faz procedimentos em crianças com menos de dois anos de idade e aquelas que apresentam casos muito graves. Grimberg Botelho disse que para a realização de cirurgias nesses pacientes além da habilidade do profissional, é preciso que os hospitais tenham os aparelhos necessários para realização dos procedimentos. \”Os hospitais particulares não têm interesse nesse tipo de investimento, que é caro e a maioria dos pacientes que necessitam são usuários do SUS. O HU está adquirindo equipamentos para realização de cirurgias cardíacas. Esperamos que até o final do ano as crianças já possam ser operadas por lá\”, comentou. Apesar de não realizar cirurgias cardíacas, por conta da falta de aparelhagem, o HU é referência no tratamento clínico de cardiopatias infantis. Grimberg Botelho informou que as crianças que precisam fazer cirurgias são encaminhas pelo sistema de regulação da Secretaria Municipal de Saúde aos hospitais Santa Paula e Dom Rodrigo, em João Pessoa. Em Campina Grande, os procedimentos são realizados no hospital João XVIII. No caso das cardiopatias mais graves e que envolvem bebês com menos de um ano de vida, as crianças são transferidas para o Real Hospital Português, em Recife e, em alguns casos, para unidades de saúde do Rio de Janeiro. Secretaria de Saúde renova contratos com médicos de cooperativa Depois de quase um mês de negociações, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) renovou com a Cooperativa de Ortopedia e Traumatologia da Paraíba (Coort-PB) o contrato dos médicos ortopedistas que prestam serviços no Hospital Santa Isabel, em João Pessoa. Ontem pela manhã, os profissionais chegaram a cogitar o indicativo de paralisação e só no início da tarde chegaram a um entendimento. Eles alegavam que o ajuste pretendido por eles não havia sido atendido. Na proposta inicial, o plantão diurno pago aos médicos ficaria em R$ 300; o noturno em R$ 350 e nos fins de semana em R$ 400. Valores inferiores aos apresentados pela SMS de R$ 270,12 no horário diurno e no plantão noturno e no final de semana de R$ 324,14. O presidente da Coort-PB, Rômulo Soares de Castro, disse que o contrato de prestação de serviço com o município venceu no dia 31 de dezembro, mas desde outubro a entidade procura a SMS para discutir sobre a renovação do documento. \”Enviamos vários ofícios e só fomos atendidos as vésperas do final do ano, no dia 26 de dezembro\”, contou. Segundo ele, na tarde de ontem, após reunião da SMS, a secretária resolveu fazer correções no texto do contrato. \”No primeiro contrato, tínhamos que disponibilizar dois médicos para visitas diárias. Agora, não haverá mais a necessidade, o que possibilita que mesmo com repasse dos valores propostos pela Secretária (de R$ 270,12 e R$ 324,14) paguemos os valores de R$300 a R$ 400\”, explicou Rômulo Soares. Estado terá que convocar profissionais em 15 dias Durante reunião realizada na tarde de ontem, na sede do Ministério Público Estadual, por intermédio da procuradora-geral de justiça, Janete Ismael, o procurador jurídico da Secretaria de Saúde do Estado, José de Arimatéia Madruga, assinou um termo de declaração e compromisso onde, em nome da Secretaria de Saúde, se compromete em publicar o edital de chamamento público para a contratação de médicos nas áreas de Terapia Intensiva e Pediatria, no prazo de 15 dias, após a publicação do quadro de detalhamento de despesas da Secretaria. Logo após a publicação do edital será instaurado o procedimento licitatório para a contratação das Cooperativas dos Intensivistas e Pediatras, que ocorrerá em face do não preenchimento das vagas nas duas especialidades, através do contrato de excepcional interesse público. CRM critica concurso A reunião foi agendada por Dalvélio de Paiva Madruga, presidente do Conselho Regional de Medicina. Ele alegou ainda que o concurso da Secretaria de Saúde não vai preencher as vagas existentes nas duas especialidades. \”Os médicos dessas cooperativas, desde 2004, vêm trabalhando sem segurança, não tem nenhum contrato e, mesmo com o concurso do Estado, as vagas não serão supridas. Não há interesse na contratação individual\”, afirmou Dalvélio.

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