Por Dra. Keiccy Catarina Barbosa Gonçalves
MÉDICA CRM-PB: 7652
Pediatria RQE: 6923
Neonatologia RQE: 6924
Novembro foi o mês dedicado à sensibilização sobre a prematuridade, que é uma das principais causas de mortalidade neonatal e infantil no mundo. A campanha é dedicada a aumentar a conscientização sobre as causas, consequências e cuidados necessários para esses bebês e suas famílias mundialmente. A cor roxa, simboliza sensibilidade e individualidade, atributos peculiares aos nossos pequenos guerreiros.
O número de nascimentos prematuros chega a quase 13,4 milhões em todo o mundo, correspondendo a mais de 10% de todos os nascimentos. O Brasil ocupa a 10ª posição no ranking mundial de nascimentos prematuros, com cerca de 302 mil bebês nascendo antes de 37 semanas de gestação anualmente. Este cenário reforça a importância do Novembro Roxo.
Neste ano, a campanha teve como tema “Pequenas ações, Grande impacto: contato pele a pele imediato para todos os bebês, em todos os lugares”, destacando o papel essencial dessa prática no cuidado humanizado. O contato pele a pele, integrado ao Método Canguru, é uma intervenção simples e crucial na abordagem a estas pequenas crianças, pois além de melhorar seu ganho de peso, estimula o aleitamento materno, o vínculo com os pais, reduz os riscos de infecção e assim a mortalidade.
Diversos fatores propiciam a ocorrência da prematuridade, incluindo fatores genéticos, sociodemográficos, ambientais e, principalmente, aqueles relacionados à gestação. Destacam-se as condições socioeconômicas desfavoráveis, cuidado pré-natal inadequado, gravidez em mulheres jovens ou com idade mais avançada, histórico de múltiplos partos, intervalos curtos entre as gestações, desnutrição materna, tabagismo e infecções bacterianas e/ou virais.
A prematuridade não impacta apenas a sobrevivência dos recém-nascidos, mas também está associada a consequências de longo prazo, como deficiências no desenvolvimento neuropsicomotor, problemas respiratórios crônicos, dificuldades de aprendizado e doenças crônicas na vida adulta. Essa realidade reforça a necessidade de um esforço conjunto para prevenir partos prematuros e oferecer cuidado humanizado aos recém-nascidos e suas famílias.
O Médico tem papel essencial na prevenção e no manejo da prematuridade, incentivando cuidados pré-natais de qualidade e hábitos saudáveis entre as gestantes, estimulando o aleitamento materno exclusivo e acolhendo as famílias, ajudando-as a enfrentar os desafios da prematuridade. Além disso, é importante orientar sobre os impactos das cesáreas eletivas desnecessárias, que aumentam as taxas de prematuridade e as complicações neonatais, especialmente entre os bebês chamados “termo precoce”, nascidos entre 37 e 38 semanas de gestação, que frequentemente apresentam resultados de saúde mais semelhantes aos de bebês prematuros.
A sociedade também deve atuar na sensibilização sobre a prematuridade, gerando importante engajamento na discussão sobre a causa, incentivando políticas públicas voltadas à saúde materno-infantil, ao fortalecimento do pré-natal e à ampliação do acesso a serviços especializados de cuidado neonatal.
Nós, como profissionais de saúde, temos a responsabilidade de atuar na prevenção e oferecer um cuidado integral aos bebês prematuros e suas famílias, contribuindo para a redução das taxas de prematuridade e de seus impactos a curto e longo prazo. Que o Novembro Roxo nos inspire a reforçar nossa atuação em prol da vida e do futuro de tantos bebês que precisam de uma assistência especial desde o início de suas vidas.