O Brasil vive um dos piores momentos da saúde pública. Há um grave risco de colapso geral do sistema em conseqüência da crônica falta de recursos, agravada pelo desvio de parte das verbas que legalmente pertencem ao setor. O apagão da saúde é quase um fato consumado e seus reflexos são evidentes: hospitais públicos, Santas Casas e instituições filantrópicas encontram-se à beira da falência. Greves se espalham por todo o país em virtude da falta de valorização dos recursos humanos – uma consulta médica, por exemplo, é remunerada a irrisórios R$ 7,00 no SUS, pois a Tabela não tem reajuste há anos. Os hospitais universitários também estão prestes a quebrar: acumulam uma dívida de R$ 450 milhões e uma parcela deles já desativou unidades de transplantes, fechou centros cirúrgicos, somando problemas em todas as áreas, da estrutura aos equipamentos. Diante desse quadro de falência múltipla do SUS, é primordial uma tomada de posição séria por parte das autoridades competentes para garantir aos cidadãos uma oferta de qualidade às demandas de saúde. Portanto, é com indignação e pesar que os médicos brasileiros receberam a notícia de que o Governo Federal pode recuar no já anunciado repasse de R$ 2 bilhões ao sistema de saúde, veiculada nos últimos dias pelos ministros Guido Mantega, da Fazenda, e Paulo Bernardo, do Planejamento. É fato que esse montante está longe do necessário para reverter definitivamente o iminente caos na saúde, porém, trata-se de intervenção de emergência, essencial para evitar o colapso súbito de toda a rede de atendimento à população. A Associação Médica Brasileira lamenta profundamente tais contradições. Exigimos que seja mantido o compromisso de liberação de recursos assumido recentemente com o ministro da saúde, José Gomes Temporão. A AMB e os médicos brasileiros esperam ainda que o Governo Federal libere sua bancada para votar imediatamente a regulamentação da Emenda Constitucional 29, que estabelece a destinação obrigatória de recursos para o setor e que também definirá quais investimentos poderão ser considerados nessa rubrica. Ignorar essas questões é voltar as costas para a saúde dos cidadãos brasileiros. Isto é inaceitável. São Paulo, 3 de setembro de 2007 Associação Médica Brasileira

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