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Por Dr. Sebastião Costa

MÉDICO CRM-PB: 1630

Pneumologia RQE: 4386

 

Durante muitos e muitos anos a indústria tabageira, pragmática, manteve suas garras publicitárias direcionadas aos segmentos etários mais jovens, no claro objetivo de atrair novos fumantes. Aquela indústria, consciente das fragilidades do adolescente, no sentido de que é na transição da infância para idade adulta que está sendo estruturada e sedimentada a personalidade do jovem, relacionava seus apelos publicitários com o sucesso pessoal, com atividades esportivas, atraindo com muita força os adolescentes, numa proporção impressionante.

 

Conforme registro da PEQUISA EM SAÚDE E TERAPIA realizada na Alemanha: a cada dez anúncios visualizados, aumentava em 40% as chances do jovem ser atraído pelo prazer fugaz proporcionado pela droga nicotina – caminha lado a lado com a cocaína no mesmo grupo de drogas psicoativas. Acrescente-se aí, os deslizes dos Programas de Combate ao Tabagismo, que se preocuparam quase que exclusivamente com o fumante adulto, (‘esqueceram’ os segmentos etários mais jovens) promovendo repercussões muito bem visualizadas no perfil tabágico atual, onde a nicotina passeia com total desenvoltura na galera mais jovem, especialmente através do cigarro eletrônico (CE).

 

Há um pensamento sedimentado na consciência da sociedade de que a nicotina e suas companheiras presentes na fumaça/vapor do cigarro convencional/eletrônico são extremamente competentes na função de produzir doenças respiratórias e cardiovascular. O que a sociedade, e especialmente pais de crianças e adolescentes não sabem, é que o hábito de fumar CE ou CC joga muitas vezes esses jovens nos braços da cannabis, além de estimular o uso de bebidas alcoólicas.

 

É o que deduziu um estudo de elevada credibilidade – Monitoring The Future, que avaliou 51.872 usuários de nicotina relacionando ao consumo de cannabis e uso excessivo de álcool. As conclusões não permitem dúvidas: 36,5 vezes mais chances de o usuário de nicotina ser atraído pela cannabis e de se tornar consumidor do álcool acima dos hábitos sociais. Um detalhe preocupante:  a faixa etária dos jovens pesquisados variava entre 08 e 12 anos de idade.

 

Vale ainda acrescentar, que o usuário do CE tem três vezes mais chances de se tornar dependente do cigarro convencional do que uma pessoa sem precedentes no uso da nicotina. Considerando que 20% dos jovens brasileiros se entorpecem inalando um vapor repleto de substâncias nocivas e com o risco adicional de se tornarem dependentes da cannabis e do álcool, há de se enxergar a imensa necessidade de educar/conscientizar essa galera, que exige a colaboração consciente e efetiva dos formadores de opinião – pais e professores, além de um trabalho competente dos programas de combate ao tabagismo, no sentido de tornar a sociedade parceira desse projeto, conforme se observou no processo de redução importante do consumo do cigarro convencional.

 

Fica a expectativa e a esperança de que pais, professores e a sociedade em geral, adquiram a consciência de que podem e devem participar no trabalho de conscientização de nossa juventude, no sentido de se evitar a atração por outras drogas e sobretudo reduzir o impacto brutal que a nicotina e suas companheiras vão produzir na saúde (56 doenças, 160 mil mortes/ano no Brasil) de nossos filhos, netos, bisnetos…

 

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