Por Dra. Rita de Cássia Viegas
MÉDICA CRM: 9124-PB
Pediatria RQE: 5650
Medicina do Adolescente RQE: 8247
Há algum tempo, o vício dos adolescentes em redes sociais tem gerado muita preocupação. Com a explosão da série “Adolescência”, onde se descobre a real identidade de um jovem de 13 anos que aparentava ser tranquilo e caseiro e que se vê envolvido em um crime hediondo, mostra uma realidade crua, mas invisível, para alguns pais: a influência que as redes sociais exercem na formação da identidade dos nossos jovens e o aumento dos casos de bullying online.
No Brasil, a pesquisa TIC Kids On Line traz indicadores preocupantes sobre o uso de internet na população de 9-17 anos. Em 2024, 76% desta população confirmou usar rede social; 43% revelou que seus pais ou responsáveis tinham nenhum ou pouco conhecimento sobre o que eles acessavam na internet e, surpreendentemente, 24% confirma que já tentou passar menos tempo na internet, mas não conseguiu.
O vício em redes sociais pode trazer consequências, como:
- Ansiedade
- Depressão
- Baixa autoestima
- Sentimentos de inadequação
- Estresse
- Solidão
- Dificuldade de relacionamento fora das redes
- Problemas físicos: olho seco, miopia, crises de enxaqueca, desvios posturais
- Transtornos de sono
- Transtornos alimentares
- Sedentarismo
- Problemas sociais
- Isolamento da vida real
- Dificuldades de aprendizado, atenção e concentração
Diante dessa conjuntura, fica o questionamento: as redes sociais são um problema real? Como nós, enquanto profissionais de saúde, podemos reverter esta situação?
Nesse cenário, vale ressaltar a importância do apoio de profissionais da área, juntamente com os responsáveis, para minimizar possíveis danos, visto uma geração caracterizada por precipitação e falta de controle emocional. Sob essa ótica, o livro “A Geração Ansiosa”, do psicólogo americano Jonathan Haidt, sinaliza algumas soluções urgentes: não liberar smartphones antes dos 14 anos (no máximo, disponibilizar um celular só para chamadas e SMS), os adolescentes devem entrar em redes sociais após os 16 anos e não permitir o uso de celular nas escolas, ação esta aprovada pelo Congresso Nacional Brasileiro, através da PL 4.932/2024.
Conversar com o adolescente é essencial para estabelecer um vínculo confiável, onde o profissional se torna uma referência para o paciente seguir orientações. Sendo assim, é de suma importância orientar: o tempo de 2 horas diárias para uso de eletrônicos (preconizado pela SBP), evitar o uso do celular durante as refeições para que se mantenha a harmonia à mesa, ativar o modo silencioso do celular em determinados horários, desativar notificações automáticas e, principalmente, estabeleça horários para prática de esportes, ouvir músicas ou mesmo para programação com amigos.
Portanto, a juventude caracterizada pela impulsividade, pela necessidade de serem influência social e, finalmente, pela sua reafirmação de identidade de grupo, precisa construir um senso crítico sobre o uso saudável das redes sociais, que pode proporcionar um espaço seguro para compartilhar pensamentos, fazer networking, apoiar causas sociais, facilitar a conexão com pessoas distantes e acessar notícias do mundo inteiro. Por fim, é imprescindível o auxílio médico e parental para direcionar o adolescente ao uso das redes sociais de maneira consciente e equilibrada.