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Dr. João Modesto Filho

MÉDICO CRM-PB: 973

Endocrinologista RQE: 1026

 

Recente artigo publicado na revista    “Science Illustrated – Edição Australiana” procura demonstrar porque a gripe (influenza) afeta homens e mulheres de maneiras diferentes, sinalizando o que se sabe sobre as diferenças entre os sexos. Assim é que a ciência tem mostrado que a gripe não se manifesta da mesma forma em todos os corpos, e parte dessas diferenças está profundamente ligada ao sexo biológico, aos hormônios e ao funcionamento das células de defesa.

 

Estudos epidemiológicos revelam que homens adultos têm maior risco de evoluir para quadros graves de influenza, apresentando taxas mais altas de internação em UTI (9.6% vs 4.6%) e mortalidade até 50% maior do que as mulheres quando infectadas pelo mesmo vírus. Estudos em camundongos também confirmam que machos desenvolveram febre mais intensa e sintomas mais duradouros.

 

Há explicações comportamentais (mulheres cuidam mais da saúde, aderem mais à higiene e buscam atendimento mais cedo), mas também fatores evolutivos, hormonais e genéticos: testosterona tem efeito imunossupressor; mulheres possuem duas cópias do cromossomo X, rico em genes ligados à imunidade. Estudos recentes com grandes coortes sugerem que a explicação vai além do comportamento e envolve o modo como o sistema imunológico masculino é calibrado. Homens tendem a apresentar resposta antiviral mais lenta, com menor ativação inicial de monócitos e “T cells CD8+” (células essenciais para eliminar rapidamente as células infectadas). A testosterona, por sua vez, exerce um efeito supressor sobre elementos-chave da imunidade, o que pode contribuir para quadros mais arrastados e sintomas mais intensos.

 

Já nas mulheres, o cenário é mais complexo: o estrogênio estimula vias imunológicas que favorecem resposta robusta, ampliando a produção de anticorpos e a expansão de “T cells” de memória ao longo da vida. Essa vantagem imunológica se estende às vacinações, já que mulheres costumam gerar títulos de anticorpos superiores aos dos homens para as mesmas vacinas da influenza. Contudo, o benefício vem acompanhado de um custo: sistemas imunes mais reativos aumentam o risco de doenças autoimunes, muito mais frequentes em mulheres. Estudos avançados de biologia celular demonstram que, com o envelhecimento, mulheres preservam melhor a função e a energia mitocondrial das células T, enquanto os homens apresentam queda mais acentuada dessa capacidade.

 

Essas diferenças estruturais ajudam a entender por que mulheres geralmente se recuperam mais rápido da gripe, enquanto homens apresentam maior probabilidade de complicações respiratórias. Embora fatores comportamentais — como menor adesão masculina à higiene e à busca precoce por atendimento — também tenham papel, os achados mostram que hormônios e imunidade formam um eixo biológico determinante nas diferenças de evolução clínica.

 

Com isso, a compreensão atual é que homens realmente enfrentam a influenza de modo distinto, não por fragilidade subjetiva, mas por mecanismos imunológicos mensuráveis. Essa perspectiva abre espaço para tratamentos e vacinas mais personalizadas, capazes de considerar o sexo biológico como variável relevante no enfrentamento de infecções virais comuns como a gripe.

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