Por Beatriz Wanderley Gayoso de Lima
CRM-PB: 12911
DERMATOLOGIA RQE: 8312
O PMMA (polimetilmetacrilato) é um tipo de plástico não absorvido pelo nosso organismo que começou a ser utilizado com mais frequência no Brasil na década de 1990 como alternativa terapêutica para pessoas convivendo com HIV/AIDS que sofriam com lipodistrofia facial. Nessa época, o PMMA se mostrou útil por ser um material capaz de devolver o volume facial de forma permanente nesse grupo específico de pacientes.
No entanto, o uso estético do PMMA — especialmente em grandes volumes ou por profissionais não médicos — tem sido alvo de fortes críticas por parte de entidades médicas, como a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), que alertam para complicações graves, como infecções, deformidades permanentes e até morte. Em 2025, o debate sobre o banimento total do produto continua em pauta, com o Conselho Federal de Medicina (CFM) pressionando a ANVISA para proibir o uso estético definitivamente.
CFM, SBD e SBCP: Em 2025 se posicionaram a favor da proibição completa do uso de PMMA
Em 21 de janeiro de 2025, o Conselho Federal de Medicina entregou à ANVISA um requerimento para banimento do PMMA, respaldado por dados de complicações graves, óbitos recentes e uso indiscriminado além do fato de já existir outros insumos para preenchimento mais modernos e seguros.
ANVISA: Avaliação técnica, mas sob restrições rigorosas
Em 10 de julho de 2025, a ANVISA concluiu uma revisão abrangente do PMMA em resposta a solicitação do CFM para proibição da comercialização e do uso de PMMA no Brasil.
- Destacou riscos de subnotificação de eventos adversos em uso estético e enfatizou que o uso off-label deve ser fiscalizado pelos próprios conselhos profissionais.
- Manteve sua autorização para usos já aprovados como correção de defeitos tegumentares (lipodistrofia por HIV..) e manteve a proibição para uso estético fora do contexto citado anteriormente.
Riscos do PMMA em 2025 – evidência atualizada
Com base em novos relatos e estudos recentes:
- Granulomas tardios, que podem surgir anos após o procedimento, causando dor e deformidade.
- Reações inflamatórias crônicas, necroses e infecções frequentes.
- Riscos sistêmicos graves: hipercalcemia e lesões renais, que podem evoluir para insuficiência ou óbito.
- Dificuldade de remoção: devido à integração do material no tecido, a retirada cirúrgica é arriscada e muitas vezes mutilante.
- Óbito
Considerações finais e recomendações
- Anvisa mantém o PMMA restrito a aplicações reparadoras, com fiscalização por conselhos profissionais.
- SBD e SBCP pedem proibição total em estética, citando alternativas seguras.
- CFM reforça urgência no banimento e alerta para riscos crescentes.
- Pacientes: Prefira materiais absorvíveis (ácido hialurônico, polilático, hidroxiapatita de cálcio) e procure profissionais médicos qualificados em ambiente regulamentado.