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Por Dr. Josemar dos Santos Soares

MÉDICO CRM-PB: 5140

Otorrinolaringologia – RQE Nº: 3850

 

O sono é o comportamento que ocorre em 1/3 do tempo das nossas vidas, sendo um estado neurofisiológico com componentes específicos, em que ocorre uma diminuição reversível da resposta sensorial a estímulos externos. Diferente do estado de vigília (acordado), o sono está dividido em sono não REM (NREM) e sono REM (rapid eye moviment). Neste, também conhecido como sono paradoxal, constata-se a dessincronização das ondas eletromagnéticas, tem como característica importante a atonia muscular e os movimentos rápidos dos olhos. A privação do sono está diretamente relacionada a efeitos na saúde mental, bem como metabólicos. Os distúrbios do sono mais incidentes estão apneia obstrutiva do sono (AOS), insônia e sonolência excessiva diurna (SED). Estima-se que a AOS acometa proporções relevantes da população adulta e varie conforme critério diagnóstico e população estudada. Na população adulta, estima-se cerca de 1/3 tenha o índice de apneia e hipopneia por hora (IAH/h) acima de cinco (valor de referência para normalidade varia de 00-05. De 5.1/h até 15/h é leve, de 15.1 até 30/h é moderada e acima de 30.1/h é considerado grave). A insônia crônica, definida como dificuldade para adormecer ou permanecer dormindo por pelo menos 3 noites por semana durante 3 meses ou mais, afeta indivíduos de todas as idades, com maior prevalência em mulheres. A insônia crônica está associada à sonolência diurna excessiva, maior risco de acidentes automobilísticos e múltiplas comorbidades físicas e psiquiátricas em adultos. Cerca de um terço dos adultos (30% a 36%) relatam pelo menos um sintoma de insônia. Quando os critérios diagnósticos rigorosos do ICSD-3 ou do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Quinta Edição, Revisão de Artigos, são utilizados, as taxas de prevalência variam de 6% a 10%. A insônia é mais comum entre indivíduos de meia-idade e idosos, trabalhadores em turnos, mulheres e pacientes com transtornos médicos e psiquiátricos comórbidos. A prevalência mundial de insônia varia amplamente, variando de 79% no Brasil a 23,2% na Europa Ocidental. Pesquisas indicam a prevalência da SED em 33% dos adultos e 41.5% dos adolescentes, podendo favorecer a uma variedade de comorbidades, tais como obesidade, transtornos psiquiátricos e limitação funcional. O trabalho em turnos agrava o cenário, aumentando risco de síndrome metabólica e eventos cardiovasculares por desalinhamento circadiano. Fisiologicamente, o sono depende da interação entre pressão homeostática e ritmos circadianos regulados pelo núcleo supraquiasmático e pela luz ambiental. Na AOS, colapso repetitivo das vias aéreas superiores eleva a pressão negativa intratorácica, fragmenta o sono e ativa respostas simpáticas. Na insônia crônica, há hiperativação fisiológica e condicionamento cognitivo que perpetuam dificuldade de iniciar e manter o sono. A SED é um sintoma transversal (AOS, narcolepsia, privação, uso de sedativos, depressão); sua triagem clínica e a escala de sonolência de Epworth (ESE). Clinicamente, a AOS se manifesta com roncos, pausas respiratórias, engasgos, cefaleia matinal e SED; fatores de risco incluem obesidade, alterações craniofaciais e uso de androgênios. Na insônia, predominam dificuldade de iniciar/retomar o sono, despertares precoces e prejuízo diurno persistente (crônica se >3 meses, ≥3x/semana). De acordo com a hipóteses diagnóstica, os exames serão direcionados. Na AOS, a polissonografia (PSG) noturna (padrão outro) ou teste domiciliar (tipo III) são os mais indicados. Em casos de alta suspeita da AOS, o tipo IV pode ser indicado. A avaliação da SED usa escalas (ESE) e, quando indicado para a narcolepsia o Teste de Latências Múltiplas após PSG para quantificar propensão ao sono e manutenção de vigília.

Tratamento dos distúrbios do sono (AOS, Insônia, SED) serão direcionados de acordo com a hipótese, podendo ser:

  • Para AOS, o CPAP (aparelho de pressão contínua), aparelho intraoral (AIO), cirurgias, fisioterapia oral, além da dieta direcionada quando com sobrepeso ou obesidade.
  • Para a insônia, além de possíveis medicações, a terapia comportamental (TTC) colabora e muito com a melhoria da qualidade do sono.
  • Para a SED, medicações ajudam assim como a TCC. Porém, a investigação de doenças outras que causem este transtorno deverá ser avaliada

A vida em turnos demanda protocolos de higiene circadiana e vigilância de riscos cardiometabólicos. Anabolizantes podem piorar a AOS e fragmentar o sono. A Otorrinolaringologia agrega valor na avaliação anatômica das vias aéreas, endoscopia do sono e cirurgias. O trabalho multidisciplinar melhora adesão, desfechos e segurança terapêutica. Orientações para sono de qualidade: mantenha horário regular todos os dias e proteja 7–9 h de sono. Reduza luz à noite (telas/LED) e aumente luz matinal; evite cafeína/álcool à tarde/noite e refeições pesadas perto do sono. Adote rotina de desaceleração sem telas; use o quarto apenas para dormir. Pratique atividade física regular e cuide do peso. Em trabalho em turnos, planeje cochilos curtos, refeições e exposição à luz alinhadas ao turno; proteja o sono diurno com ambiente escuro e silencioso.

Orientações Práticas para Sono Saudável

– Mantenha horário regular e proteja 7–9 horas de sono.
– Reduza luz artificial à noite e aumente exposição à luz matinal.
– Evite cafeína, álcool e refeições pesadas próximas ao horário de dormir.
– Adote rotina de relaxamento sem telas antes do sono.
– Use o quarto apenas para dormir e atividade sexual.
– Pratique atividade física regular e cuide do peso corporal.
– Para trabalhadores em turnos: planeje cochilos curtos, refeições alinhadas ao turno, exposição adequada à luz e garanta ambiente escuro e silencioso para o sono diurno.

 

Referências Bibliográficas

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  • Reid KJ, Zee PC. Circadian rhythm disorders. N Engl J Med. 2022.
  • Tratado de Otorrinolaringologia – ABORL-ccp, 2025. Ed Gen/Guanabara Koogan
  • McNamara S., Spurling B.C., Bollu P.C. Author Information and Affiliations – Last Update: March 28, 2025. Chronic Insomnia
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  • Lee-Chiong TL. Sleep Medicine Essentials. Springer, 2023.
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  • Sateia MJ, et al. Clinical practice guideline for the pharmacologic treatment of chronic insomnia. J Clin Sleep Med. 2021.
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  • Silber MH, et al. The management of restless legs syndrome: An updated algorithm. Mayo Clin Proc. 2021.

 

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