Por João Modesto Filho
Presidente do CRM-PB | CRM-PB 973
Endocrinologia e Metabologia RQE 1026
A Apple Watch informou há poucos dias a possibilidade de medir a glicose sem necessidade de picadas nos dedos, processo esse já bem conhecido e utilizado pelos diabéticos. Tal notícia está tendo enorme repercussão positiva e traz grandes esperanças pois beneficiaria milhões de diabéticos em todo o mundo. Calcula-se que no Brasil tenhamos entre 14 a 16 milhões de diabéticos. É fato bem conhecido que, desde alguns anos, surgiram os relógios que, conectados ao indivíduo, são capazes de monitorar sua atividade física diária, informar sobre seu pulso, nível de oxigênio no sangue ou mesmo pressão arterial. Espera-se que, em breve, com as formidáveis pesquisas desenvolvidas atualmente, eles possam estar mostrando os valores da glicose no sangue.
De acordo com fontes da empresa, a Apple trabalharia neste assunto com um processo não invasivo que poderia ajudar pessoas com Diabetes e, mesmo, avaliar mudanças que ocorrem no estágio de pré-diabetes. Ou seja, a empresa poderá, dentro de pouco tempo, medir o açúcar no sangue com essa nova abordagem para rastrear ou detectar diabetes. Com isso, facilitaria o controle e monitoramento do nível de glicose nos portadores do seu relógio, principalmente se eles sofrem de diabetes. Para determinar o nível da glicose sanguínea, o fabricante do iPhone usa um processo de espectroscopia de absorção óptica. Graças a um laser, a luz é emitida com comprimentos de ondas específicos. Dessa forma, atinge uma zona subcutânea onde está presente o líquido intersticial. A capacidade desse líquido de absorver glicose permite deduzir a concentração dessa substância e, assim, determinar a glicemia por meio de um algoritmo.
A solução imaginada, integrada ao Apple Watch, tem a vantagem de medir a quantidade de glicose no corpo de uma pessoa sem tirar uma gota de sangue. Pessoas com diabetes não precisariam mais se picar. A implementação de tal sistema no relógio conectado da Apple fortaleceria ainda mais as aplicações médicas do dispositivo. Lançada em 2015, a primeira versão incluía um sensor de frequência cardíaca. Três anos depois, a Apple Watch foi capaz de realizar eletrocardiogramas (ECG). Pode, ainda, detectar um período de ovulação e calcular o nível de oxigênio no sangue. Acima de tudo, medir a glicemia sem agulha se aproximaria ainda mais da visão de Steve Jobs, que tinha entre uma de suas vontades colocar a tecnologia a serviço da saúde. Assim, seria possível criar hábitos para retardar, ou mesmo evitar, o desenvolvimento da doença, uma contribuição, sem dúvida, de grandes repercussões para os diabéticos e os sistemas de saúde de todo o mundo.