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Conselho Regional de Medicina

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Dr. Fabiano Alexandria

MÉDICO CRM-PB: 4400

PEDIATRIA RQE: 3159

 

É curioso observar a trajetória de um médico pediatra, profissional dedicado à saúde infantil e ao bem-estar familiar, quando ele decide explorar os domínios da ficção, dedicando-se a mundos e vidas imaginárias. Para mim, essa dualidade se apresentou como um caminho natural a ser percorrido.

 

Há mais de três décadas, a pediatria é minha vocação, um período em que me conectei profundamente com as histórias de meus pequenos pacientes e suas famílias. Cada caso traz consigo uma carga emocional significativa, narrativas que oscilam entre a dor e a superação. Foi nessa confluência de vivências reais que vislumbrei a possibilidade de construir minhas próprias narrativas.

 

Romances como “Rio dos Ventos”, “Não Confie” e “Mar de Pedras” são resultados dessa jornada emocional. Cada palavra e cada linha escrita carregam nuances das experiências que vivenciei na minha carreira médica. A prática da pediatria me ensinou a escutar com atenção, a observar os detalhes sutis e a compreender o que reside nos silêncios. Essas habilidades encontraram uma ressonância notável no universo da literatura.

 

Mas, afinal, qual a motivação para essa transição? Ao longo da vida, percebi que as palavras detêm um potencial curativo semelhante ao de instrumentos médicos. Enquanto a medicina busca aliviar o corpo, a literatura pode oferecer conforto à alma. A escrita de ficção me proporciona um espaço para questionar, reinventar e apaziguar minhas próprias inquietações. É, talvez, a forma mais genuína de expressar sentimentos que, muitas vezes, a formalidade da profissão médica silencia.

 

A narrativa de um autor que também é médico frequentemente se entrelaça com dilemas éticos, encontros com a vulnerabilidade humana e um anseio por respostas às grandes questões da existência. É através da ficção que exploro aquilo que, por vezes, permanece sem solução nos consultórios.

 

Essa mudança de foco, contudo, não é um fenômeno isolado. Muitos médicos ao redor do mundo encontram na escrita um refúgio ou mesmo uma extensão de seu propósito de cuidar. É no papel que a ciência e a arte se encontram, formando uma tapeçaria singular de razão e emoção.

 

Tornar-me romancista não representou um abandono da medicina, mas sim uma expansão da minha atuação. Enquanto o Fabiano pediatra se dedica à cura, o Fabiano escritor busca transformar vivências em histórias que ecoem em seus leitores.

 

Em última análise, cada página escrita é um convite para que o leitor também encontre seu próprio conforto e entendimento, entre os ventos, as pedras e as vozes que sugerem: não confie cegamente, mas permita-se ler.

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