Por João Modesto Filho

drjoaomodesto2022Editorial publicado na revista “The Lancet” há poucos dias, de autoria do Professor Christopher Murray da Universidade de Washington, e Diretor do “Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), Instituto de Saúde Pública financiado por Bill Gates, tem chamado a atenção dos diversos setores da sociedade pela magnitude dos números apresentados. De acordo com o IHME, 125 milhões de pessoas por dia são atualmente infectadas pelo ômicron, ou seja, 1.5% da população mundial, o que representa 10 vezes mais do que o pico da onda Delta em abril. A variante ômicron surgiu no início de dezembro na África do Sul e rapidamente se espalhou por todo o planeta. Segundo Murray, o número de contaminações diárias foi multiplicado por 30 no período compreendido entre seu início e meados de janeiro de 2022.

Nesse ritmo, metade da população mundial, ou seja, 3.9 bilhões de pessoas, será contaminada pela ômicron até o final do próximo mês de março. Segundo o Ministro da Saúde do Brasil, Dr. Marcelo Queiroga, teremos o pico dessa variante nas próximas três semanas. Por outro lado, a variante ômicron é muito contagiosa, mas menos patogênica, assim é que 80 a 90% das pessoas infectadas por esta variante seriam assintomáticas, em comparação com 40% das variantes anteriores do Sars-CoV-2. A proporção entre casos positivos e internações caiu 50% nos Estados Unidos, e entre contaminações e internações caiu de 80 a 90% no Canadá e África do Sul. O Prof. Murray também externou uma posição polêmica quando sugere, segundo os modelos estudados pelo IHME, que a ômicron, por ser extremamente contagiosa, seria pouco detida pelas medidas convencionais usualmente empregadas. Por exemplo, acredita que usar máscara reduziria a contaminação em apenas 10% nos próximos 4 meses.

Por fim, ele conclui o Editorial evocando uma teoria bem difundida, segundo a qual a onda ômicron levará ao fim da pandemia, embora tenha receio de uma afirmação mais conclusiva por equívocos encontrados na epidemiologia preditiva nesta atual crise da saúde. Entende, ainda, ser provável que a imunidade natural conferida pela nova variante leve a diminuição da pandemia durante várias semanas ou meses, mas também considera perfeitamente possível o aparecimento de novas variantes, o que levaria a novas ondas epidêmicas. Finalmente, segundo o mesmo autor, o tempo das grandes restrições à liberdade caminha para seu final. Vacinas, antivirais e lições aprendidas de ondas anteriores ajudarão, futuramente, a limitar o impacto da Covid-19 na saúde pública mundial. Ou seja, a doença poderá se tornar endêmica e controlada, como a gripe sazonal, tal qual convivemos há muito tempo.

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