Os trinta anos de fundação da Academia Paraibana de Medicina (APMED) foram comemorados no domingo, dia 19 de dezembro, na sede do Conselho Regional de Medicina (CRM), com uma série de eventos, que começou pela manhã com uma missa, teve a inauguração da galeria de fotografias de membros fundadores e do busto do patrono da entidade, além do lançamento do selo comemorativo e da primeira edição da revista do órgão. Finalizando as comemorações, à noite, ocorreu à entrega de diplomas a personalidades que contribuíram com a entidade e a posse da nova diretoria para o biênio 2010/2012.
O primeiro evento, a missa, presidida pelo padre Joseilson de Souza Oliveira, e com a participação do Coral São Camilo de Lelis, teve a participação de toda a diretoria, dezenas de médicos, com seus familiares. “O médico é como aquele bom samaritano, que ajudou o judeu ferido, que atende as pessoas, nas suas necessidade”, afirmou o padre na sua homilia.
O presidente da Academia, Antônio Carneiro Arnaud, destacou o momento em que a entidade está vivendo como sendo um novo tempo nas comemorações dos trinta anos de sua fundação, por isso a diretoria decidiu por homenagear alguns dos seus integrantes, inclusive membros fundadores.
Sobre a escolha para dar nome a sede da APMED, idealizador, fundador e titular da Academia médico Humberto Carneiro da Cunha Nóbrega, aprovado por unanimidade, o presidente Carneiro Arnaud considerou como sendo por “demais justa”, por que se trata de um estudioso e pesquisador dos mais destacados da Paraíba, seja na área da Medicina ou História . O busto inaugurado foi doação da família do homenageado. O filho do homenageado, José Francisco de Novaes Nóbrega, falou em nome da família, recordando a trajetória do seu pai, e, destacando que aquele era um momento de grande alegria para todos.
Ainda pela manhã, ocorreu o lançamento do selo comemorativo dos trinta anos de fundação da Academia, com a participação do gerente da Empresa dos Correios e Telégrafos, José Pereira da Costa Filho. O selo será distribuído por todo o país e deverá circular, em cartas, por outros países.
Sobre o lançamento do primeiro número da Revista da Academia Paraibana de Medicina, contendo artigos científicos dos acadêmicos e colaboradores, o editor da publicação, Ricardo Rosado Maia, disse que havia uma grande expectativa em torno da circulação desta revista, por isso se tomou um grande acontecimento.
UMA NOITE DE HOMENAGENS
No início da noite, aconteceu a sessão solene, também na sede do CRM, para a posse dos novos integrantes da diretoria da APMED, seguindo a entrega de diplomas a membros eméritos da Academia. O acadêmico João Gonçalves Medeiros Filho falou em nome Academia cumprimentando os homenageados, e considerou uma noite de grande significado.
Já o presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto Luiz D’Avila, falou em nome dos homenageados, destacando que mais importante do que as homenagens, é merecê-las. “Isso merece uma reflexão acerca da caminhada de cada um”, disse. Falou das belezas e da hospitalidade que, para ele, são características do povo da Paraíba, por isso se destacando dos demais Estados.
“Agora passamos a fazer parte da memória desta importante Academia”, disse. Ele considerou como sendo um gesto de gratidão por parte da diretoria da Academia para com todos os homenageados.
O presidente da Academia Paraibana de Medicina, Carneiro Arnaud, disse que durante três décadas, a entidade foi presidida por médicos que deixaram seu legado. Destacou realizações promovidas durante os dois anos de sua gestão, e lembrou que a restauração do antigo prédio da Faculdade de Medicina localizado no bairro do Varadouro, num trabalho realizado em parceria com a Universidade Federal da Paraíba, está sendo esperado com ansiedade pela sociedade paraibana, e deverá atender com assistência à saúde a demanda carente da região da cidade onde está localizada, além da criação do Memorial da Medicina.
DISCURSO DO PRESIDENTE DO CRMPB
Meus senhores:
Há poucos dias fui instado pelo nosso presidente Carneiro Arnaud a saudar os homenageados, em nome da Academia Paraibana de Medicina, missão singular e muito honrosa para este modesto acadêmico, nesta noite que se reveste também de grande significado para mim, vez que a data da fundação desta Casa coincide com o aniversário de um dos seus patronos, o pediatra João Toscano Gonçalves de Medeiros, meu saudoso pai, que hoje completaria 108 anos.
Celebramos assim, os trinta anos de uma instituição voltada eminentemente para o resgate de nossa memória, mas sem se distanciar das demais entidades médicas,com as quais compartilha das aspirações e dos conflitos em favor da nossa categoria e da sociedade paraibana.
Não poderia ser mais auspiciosa, a lembrança daqueles que muito contribuíram para sua criação e fortalecimento, desde seus primórdios até aos dias atuais outorgando, portanto, uma láurea àqueles que entenderam a relevância e o papel da entidade.
Hoje cumprimos extensa programação que se iniciou com missa em ação de graças seguida da inauguração do busto de Humberto Nóbrega, cujo nome doravante identificará esta Casa, reconhecimento justo àquele que abraçou, ao lado de Eugênio de Carvalho Júnior, José Asdrúbal Marsiglia de Oliveira e Amílcar de Souza Leão a feliz iniciativa de fundar esta Instituição, coroando assim uma profícua existência a que se somam a fundação da Faculdade de Medicina da Paraíba, da qual foi um dos principais artífices – junto a Newton Lacerda, Lauro Wanderley , Antônio Dias dos Santos, João Medeiros, Attílio Rotta, entre outros -, e a publicação de estudo minucioso sobre a história da medicina paraibana, referência obrigatória nessa interessante seara onde pontificou também Oscar de Oliveira Castro. Lembro-me com clareza da figura do professor Humberto Nóbrega quando cursava a disciplina de Epidemiologia da qual era o titular, e do seu precioso arquivo rigorosamente organizado com peças inéditas , inclusive objetos de uso pessoal de Augusto dos Anjos por quem era aficionado.Além de diretor da Faculdade de Medicina ele, Guilardo Martins e João Medeiros foram os únicos médicos que ocuparam o cargo de reitor da UFPB, desde a sua fundação em 1960.
Neste contexto não se poderia também deixar de reverenciar, nesta noite, os médicos Guilardo Martins Alves, Severino Bezerra de Carvalho e Aluísio Pereira Lima, fundadores eméritos desta Academia, cuja contribuição à Medicina, ficará registrada nos anais desta Instituição, constituindo exemplo irrefutável para todos nós.
Difícil a tarefa de sintetizar o perfil de eminentes figuras do quilate Roberto d`Avila, Carlos Vital Correa Tavares Lima, Rômulo Soares Polari, José Leite Saraiva, Waldenir Bragança, Aucélio Gusmão , Dalvélio Madruga, Romildo Montenegro e João Batista Simões indicados unanimemente por esta Academia para receberam significativas comendas previstas no seu regimento interno, passando a privar do estigma da imortalidade, vez que integrarão o acervo da sua memória.
Vasto currículo, produção científica e cultural inequívocas, cargos da mais alta importância, prêmios, medalhas, contribuições relevantes nas áreas social, econômica, política e da saúde, nas associações médicas, nos sindicatos, nas cooperativas nos Conselhos Regionais e Federal de Medicina, no ensino superior, na administração pública enfim, nas ações em benefício da categoria médica e da sociedade contemporânea, predicados de conhecimento notório que pontuam a vida dos nossos homenageados.
Redundante seria detalhar a carreira profícua de Roberto d `Avila -, carioca de nascimento e catarinense por adoção: o médico, o professor universitário, o presidente do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina, o destacado conselheiro federal pelo mesmo estado, o estudioso da bioética, o atuante coordenador da comissão de notáveis que revisou o novo Código de Ética Médica, o membro da diretoria do CFM, o corregedor o vice e o presidente engajado nas pelejas em benefício da categoria, o mecenas e o aficionado das humanidades.
Não seria diferente com Carlos Vital, este pernambucano de expressiva cultura humanística, o clínico geral, o membro titular da nossa co-irmã, a Academia Pernambucana de Medicina,o sócio-fundador das Sociedade Brasileira de Bioética (Regional de Pernambuco) Sociedade Brasileira de Direito Médico, o presidente do CREMEPE, o vice-presidente e arauto do CFM, o entusiasta da bioética, o palestrante compulsório dos mais acalorados debates sobre terminalidade da vida.
E o que acrescentar sobre Rômulo Soares Polari, o economista, o mestre de muitas gerações, o pró-reitor e o reitor da UFPB, o visionário que a transformou num verdadeiro canteiro de obras, numa instituição com forte compromisso com a comunidade, em comunhão com a retórica de João Medeiros: “ Uma Universidade que não permaneça encastelada em torre de marfim, de costas para realidade do País , surda aos reclamos do povo que a mantém com o suor do rosto, senão que, ao contrário , procure devassá-la , se embrenhe em sua temática e se apaixone pelo seu estudo, em busca das soluções adequadas para os grandes problemas”
Da mesma forma despontam José Leite Saraiva, o ginecologista e obstetra , o professor universitário amazonense que conquistou a capital federal onde preside a Academia de Medicina e a Federação Brasileira das Academias de Medicina e Waldenir de Bragança, o médico sanitarista fluminense, o advogado e jornalista, o presidente e o delegado federal pelo CREMERJ, o presidente da Academia Fluminense de Medicina e da Federação Brasileira das Academias de Medicina, com grandes serviços prestados no campo médico , científico e cultural do país, o grande incentivador que manteve estreito relacionamento com a APMED.
E ainda, Dalvélio Madruga, o cirurgião e professor universitário, o atuante presidente do CRM-PB e dedicado Conselheiro Federal, um dos principais artífices para a instalação da Academia nesta sede; Aucélio Gusmão e Romildo Montenegro, profissionais de escol e ícones do cooperativismo médico, presidentes respectivamente da UNIMED e UNICRED João Pessoa, com notórios serviços prestados a esta Casa e à comunidade paraibana.
Por fim, resta-me citar João Batista Simões, o cirurgião, o cancerologista com formação no INCA que tem se dedicado com obstinação por mais de 20 anos ao Hospital Napoleão Laureano,na qualidade de diretor, transformando-o numa instituição de referência para pacientes oncológicos,para aqueles que na angústia de seu padecimento ali encontram a cura ou, no mínimo o alívio e o consolo do seu sofrimento.
Sr.Presidente,
Tenho a perfeita convicção de que fui bastante conciso ao proferir a saudação dos homenageados, temendo que , ao detalhar seus vastos currículos, pudesse cansar esta seleta platéia, obscurecendo o brilho dessa noite memorável.Além disso, a par da notoriedade de todos, sua produção técnica, administrativa,científica e cultural ficará registrada no acervo desta Academia que assim cumpre mais uma vez seu papel relevante na preservação da nossa história, em consonância com o que preceitua o notável ensaísta, poeta e filósofo espanhol Jorge de Santayanna : ” quem não aprende as lições da história, está sujeito a cometer os erros do passado”.
Parabéns! Muito Obrigado!