CRM-PB Entrevista: Dra Jeane Sandra Nogueira – mastologista

drajeaneAnualmente, a campanha Outubro Rosa conscientiza mulheres do mundo todo sobre a necessidade do controle do câncer de mama com a realização de consultas e exames periódicos. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), este é o tipo de tumor que mais acomete a população feminina brasileira e representa cerca de 24,5% de todos os tipos de neoplasias diagnosticadas.

Na capital paraibana, o Hospital Municipal Santa Isabel é referência em Mastologia e oferece, desde 2003, consultas, exames de imagem, biópsias e tratamento cirúrgico. A mastologista e coordenadora do serviço de Mastologia do hospital, Jeane Sandra Nogueira Tavares, ressalta que apesar das campanhas de conscientização, ainda há muitos mitos sobre a mamografia e o câncer de mama. “Consideramos o medo como um grande vilão. Ele faz com que o negacionismo impere e a paciente não procure diagnósticos e tratamentos”, afirma.

Formada em Medicina pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), residência médica em Ginecologia e Obstetrícia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), pós-graduação em Mastologia pela Universidade de Pernambuco (UPE), pós-graduação em Perícias Médicas pela Universidade Estácio de Sá, mestre em Patologia pela UFPE e membro titular e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia Regional Paraíba, Jeane Sandra fala na entrevista a seguir sobre a necessidade dos exames periódicos, a importância de hábitos saudáveis, o trabalho realizado no hospital Santa Isabel, além de pandemia de covid-19 e fakenews.


Desde quando existe o serviço de Mastologia no Hospital Municipal Santa Isabel e como é realizado?

O Hospital Santa Isabel é hoje referência em atendimentos em Mastologia na capital. O serviço existe desde 2003, quando eu e a Dra Débora Cavalcanti semeamos a “sementinha” do serviço que hoje conta com seis mastologistas e tornou-se referência para atendimentos não só de pacientes da capital, mas também de cidades do interior do estado. O atendimento é realizado através de agendamento via regulação e oferece além das consultas, exames de imagem, biópsias e todo tratamento cirúrgico necessário na especialidade.


Ainda há falta de informação sobre o câncer de mama, tratamentos e exames? A população precisa ser melhor informada sobre a doença?

Apesar das campanhas de conscientização, a exemplo do “Outubro Rosa”, ainda existem muitos mitos sobre a mamografia e até sobre o câncer de mama. É necessário que a população seja orientada quanto à necessidade de realização dos exames de mamografia e sua importância no diagnóstico precoce quando são maiores as chances de cura. Consideramos o medo como um grande vilão: muitas pacientes têm receio de realizar a mamografia seja por medo da dor que algumas referem, seja por falta de informações sobre a real necessidade da realização do exame. O medo de submeter-se ao tratamento oncológico por vezes mutilante, medo da queda do cabelo, medo da discriminação da sociedade e medo da morte fazem com que o negacionismo impere e a paciente não aceite procurar diagnóstico e tratamentos.


A pandemia tem atrasado a realização de exames e consultas que previnem o câncer de mama? As mulheres ainda estão com medo de procurar os serviços de saúde para fazerem os exames preventivos?

No momento enfrentamos um problema grave que é a pandemia da covi-19, ainda não totalmente controlada. Isso tem impactado também no prognóstico de doenças crônicas, a exemplo do câncer de mama. Muitas mulheres deixaram de realizar seus exames de rotina em decorrência do isolamento social imposto pela pandemia e também por medo de exposição em ambientes como clínicas e consultórios, o que levou a uma redução em torno de 60% do número de mamografias realizadas em 2020. Nos últimos meses, com a expansão da vacinação e uma redução no número de casos de covid, está havendo um retorno gradual da procura por consultas e mamografias, mas infelizmente o represamento ocorrido tem levado a um número maior de doenças diagnosticadas em estágios mais avançados.


O número de casos de câncer de mama aumenta a cada, no Brasil. Qual avaliação a sra faz sobre isso?

O câncer de mama é a neoplasia maligna que mais acomete a mulher com exceção do câncer de pele não melanoma e apresenta uma incidência crescente a cada ano. A maior arma que temos é o diagnóstico precoce e para isso a mamografia tem papel fundamental, no entanto existem fatores de risco que precisam ser levados em consideração. Alguns não podem ser modificados, a exemplo do sexo feminino, idade da menarca, etc. Outros, podem ser mudados, como o estilo de vida. A literatura apresenta uma vasta publicação sobre a importância de hábitos saudáveis como exercícios físicos, boa alimentação, controle do peso e redução na ingestão de bebidas alcoólicas para a prevenção primária do câncer de mama.


Com o início da vacinação contra a covid no Brasil, surgiram várias fakenews relacionando a imunização ao câncer de mama. A sra pode esclarecer esta questão?

A vacinação contra covid pode e deve ser realizada por pacientes com câncer de mama. Existem alterações causadas pela vacinação, que são temporárias e regridem espontaneamente passados alguns dias, especialmente com relação aos linfonodos axilares que apresentam uma resposta inflamatória e podem mostrar-se alterados. Essa orientação é válida tanto para procedimentos cirúrgicos com abordagem axilar, quanto para a realização de mamografias.

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