Autor: Célia Maria Dias Madruga (Médica nefrologista, CRM-PB Nº 1485)

Veiculação: Jornal do CRM-PB Nº 61 – Jan/Fev 2005


A diversidade humana e o multiculturalismo tornam complexo aceitar a tolerância sem limites. Uma das conquistas da humanidade é o respeito às liberdades individuais, porém o cumprimento desta vitória muitas vezes não é realizado, quer seja por falta de compromisso político ou devido à falta de educação esclarecedora nos diversos segmentos da sociedade. Hoje, a tolerância é um assunto muito em evidência, porém precisamos não só entendê-lo como também saber aplicá-lo. Respeitar e aceitar as diferenças humanas implica em tolerar. Na maioria das vezes, as pessoas tolerantes são discriminadas e tidas como passivas, mas passividade não significa tolerância.

A palavra tolerare etimologicamente significa “suportar com paciência”, “levar”, “sofrer” e também “lutar e combater”. Devemos tolerar o crime? A tolerância não é absoluta? Questiona-se até onde vai o limite da sua prática?

Tolerar é coexistir com as diferenças, desde as culturais, religiosas, raciais, políticas ou mesmo quaisquer divergências de pensamento ou comportamento, desde que permita um aprendizado visando à proximidade com a verdade. Entendemos que o respeito pela liberdade do outro é uma conquista de convivência que irá resultar no bem estar da comunidade.

Conhecida é a frase que diz “o meu direito termina onde começa o do outro”, o que traduz grande importância para a nossa realidade de tanta intolerância. Não devemos esquecer da aplicação da tolerância e a ética na medicina, uma das profissões que necessita de bastante paciência na sua atuação. No momento atual de tantas divergências, o médico deve lembrar-se de que não pode discriminar pacientes nem também sofrer qualquer tipo de discriminação que o impeça de exercer seu ofício.

O respeito que nossa sociedade clama é pela tolerância virtude, que afasta a discriminação e prepara a geração para uma existência mais humana e pacífica.  Devemos estar disponíveis para a aceitação das diferenças tentando a conciliação e buscando a harmonia do coletivo. O que interessa a todos é Tolerar com sabedoria aceitando a pluralidade e se dispondo para a prática do bem sem fanatismo. O que a humanidade não suporta são os abusos e excessos usados em nome do desenvolvimento humano.  O importante é não ser radical, é aceitar mudanças para evoluir, sem, no entanto tolerar o intolerante.Uma visão prática do limite da tolerância pode ser resumida “Faça aos outros aquilo que gostaria de receber em troca, para si mesmo”.

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