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Por Dr. João Modesto Filho
CRM 973/PB

A saúde mental dos jovens continua sendo motivo de grandes preocupações em todo o mundo. No momento atual, é crescente o perigo que representa as redes sociais na formação dessas pessoas devido ao alto grau de dependência que elas determinam. Recentemente, quarenta e um estados americanos, dentre os quais Nova York e California, apresentaram uma queixa contra a empresa Meta (empresa-mãe do Facebook e do Instagram), a qual acusam de estar na origem da deterioração sem precedentes na saúde mental dos jovens e adolescentes americanos. Os dados obtidos por pesquisadores daquele país impressionam pelos números. Por exemplo, a depressão e a ansiedade duplicaram entre jovens dos 11 aos 24 anos num intervalo de 5 anos. A prescrição de antidepressivos nas meninas triplicou entre 2016 e 2021, sendo elas duas vezes mais afetadas do que os rapazes.

Várias explicações são levantadas para explicar estes valores: a eco-ansiedade, a evolução das práticas educativas, a insuficiente prática esportiva e mesmo a pandemia da Covid 19, embora nenhum desses itens, isoladamente, possa explicar esse aumento vertiginoso e socialmente perigoso da saúde mental dos jovens. Por seu turno, na França, antes da Covid 19, 25% dos jovens apresentavam sintomas de depressão, percentual que se elevou para 43% para o biênio 2022/2023, com nítido declínio do bem-estar por parte da população estudantil, após os confinamentos. Embora o impacto da pandemia do coronavírus para as doenças psíquicas ainda esteja sendo mensurado, as implicações para a saúde mental já foram relatadas na literatura cientifica. No entanto, uma explicação que a cada dia mais se fortalece, está ligada a crescente interferência das redes sociais no dia a dia dos jovens.

Aqui também, os números americanos são preocupantes: em 2012 jovens de 15 a 24 anos de idade passavam menos de uma hora por dia nas redes sociais; em 2022, dez anos depois, foram quase quatro horas para as meninas e quase três horas para os rapazes. A inteligência artificial, com seus assombrosos algoritmos, avança a cada dia e é profundamente eficaz para manter cérebros ainda imaturos num consumo descontrolado e num tempo cada vez maior. Assim é que o tempo gasto nas redes sociais se correlaciona diretamente com a deterioração da saúde mental dos jovens. Segundo cálculos americanos, o Tik-Tok, o Instagram e o Snapchat, são responsáveis por 80% dos danos e, caso não existissem, teriam sido evitados cerca de 6 milhões de episódios depressivos nas crianças, isso sem mencionar o impacto negativo que poderá causar nessa população quando ela se tornar adulta.

No processo contra a Meta, é descrito que, da mesma forma como a indústria ligada ao tabagismo fez há uma geração, a Meta optou conscientemente por maximizar os lucros à custa da saúde pública, enganando repetidamente a todos sobre os perigos das suas plataformas de redes sociais. O consumo de álcool e cigarro foram proibidos para crianças e adolescentes devido aos efeitos tóxicos para a saúde e com o conhecimento de que a dependência era ainda maior do que nos adultos. Evidente que estamos lamentavelmente vivenciando outros momentos negativos com o acumulo de crises sanitárias e geopolíticas (com a Ucrânia e agora Israel), além das econômicas e climáticas, as quais dificultam o planejamento de um futuro pacifico, ainda mais para os jovens que ficam expostos a imagens violentas nas redes sociais e criam um efeito negativo de dependência. Precisamos pensar na prevenção e em ações positivas com avaliação da saúde mental personalizada, aconselhamento psicológico e instalações de acolhimento favoráveis. Assim, é urgente discutir com profundidade o uso dessas plataformas sociais nessa faixa etária, pois, corremos o risco de pagar coletivamente um alto preço com o sacrifício de gerações atualmente jovens. Dessa forma, e segundo especialistas, esse problema deve ser de indiscutível prioridade se quisermos evitar uma catástrofe social, econômica e sanitária nos próximos trinta anos.

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