Autor: Sebastião Aires de Queiroz (médico do PSF – Mangabeira VII-“C”) – queirozayres@uol.com.br
DESOLADO, TRISTE, CÉTICO,
SEM ÂNIMO PRA LUTAR,
ASSIM VIVE O POBRE MÉDICO,
SEM TER PRA QUEM APELAR.
SE O ESTADO PAGA MAL
E, ÀS VEZES, ATRASADO;
JÁ NA ÁREA MUNICIPAL
O SALÁRIO É AVILTADO.
NO “ESTRATÉGIA DA FAMÍLIA”,
ONDE O TEMPO É INTEGRAL,
O SALÁRIO NOS HUMILHA,
FRENTE A CARGA LABORAL
ATÉ NA UNIVERSIDADE,
SEGUNDO É DADO SABER,
O QUE PAGA A FACULDADE,
VERGONHA FAZ DE DIZER.
NO “SUS”, ÚLTIMA ESPERANÇA
DE O SALÁRIO MELHORAR,
JÁ NÃO SE TEM CONFIANÇA –
ESTA SÓ FEZ NOS FRUSTRAR.
CLIENTE PARTICULAR
TENDE A DESAPARECER,
POIS NINGUÉM PODE PAGAR
PARA A SAÚDE MANTER.
CANSADO DESTA PELEJA,
SÓ NOS RESTA ÚNICA OPÇÃO,
QUE É A DE FUNDAR UMA IGREJA,
COM QUALQUER RELIGIÃO,
E EXPLORAR OS PENITENTES
COM UMA SACOLA NA MÃO,
FAZENDO DESSES CLIENTES,
CAMINHO DE SALVAÇÃO…
UMA OUTRA PROVIDÊNCIA,
SE O MÉDICO FOR LADRÃO,
É FURTAR A PREVIDÊNCIA,
COM GUIA DE INTERNAÇÃO,
E FICAR RICO, DEPRESSA,
DENEGRINDO A PROFISSÃO,
GANHANDO DINHEIRO À BEÇA,
MAS É VIL A SOLUÇÃO.