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Por Dr. Sebastião de Oliveira Costa

Médico CRM-PB: 1630

Pneumologia: RQE 4386

 

Foi-se o tempo em que curtir a ação ansiolítica da droga nicotina era ‘privilégio’ do adulto. Foi-se o tempo em que só o adulto tinha a infelicidade de se intoxicar diariamente com as muitas substâncias nocivas da fumaça do cigarro. E eram tempos em que ele, o cigarro, deitava e rolava na mente e coração de uma sociedade profundamente enganada.

 

E o tempo foi passando, pesquisas começando, estudos avançando, as informações chegando e a sociedade desconfiando daquele ‘mocinho’ cheio de charme e elegância produzidos pela força econômica dos produtores de doenças e mortes. E chegou o tempo em que a sociedade caiu na real: Acabou o desfile do ‘mocinho’ charmoso e elegante e entrou na avenida o bandido mais cruel da história da humanidade.

 

E era tão real a quantidade de substâncias nocivas naquela fumaça, que os adultos começaram a se libertar daquele prazer fugaz promovido pela nicotina. E quanto mais adultos se libertavam, mais repercutia na conta bancária da indústria tabageira. Não pode!!!

 

Na busca incessante para compensar os prejuízos crescentes, o faro econômico da Phillips Morris e congêneres foi encontrar lá na terra de Mao Tsé Tung a tábua de salvação para realimentar sua conta bancária: O CIGARRO ELETRÔNICO.

 

Inventado pelo chinês Hon Lik e devidamente enfeitado com um designer atrativo, surgiu cavalgando em duas grandes mentiras – ser inofensivo e ajudar o fumante a largar o cigarro convencional. E foi com muita competência e muitos dólares que ele, o CE, trouxe de volta o charme da nicotina e suas companheiras cheias de nocividade. Com um agravante: As garras monetárias da indústria do tabaco saíram em busca de outras vítimas, especialmente crianças e adolescentes.

 

No Brasil, enquanto apenas 9,2% dos adultos seguem fumando o cigarro convencional, 16,8% de crianças e adolescentes já andam ‘saboreando’ o vapor nocivo do CE.

 

Considerando que entre as 2 mil substâncias contidas no CE, muitas delas com potencial para produzir carcinomas, enfisema, infarto do miocárdio, AVC, Evali, há de se convir que devemos nos preocupar com os enormes perigos que as nossas crianças estão sendo expostas.

 

E foi de olho nessas perversidades dos fabricantes de cigarros, que a Organização Mundial de Saúde idealizou para o Dia Mundial Sem Tabaco (31 de maio) deste ano, o tema – PROTEÇÃO DA CRIANÇA CONTRA A INTERFERÊNCIA DA INDÚSTRIA DO TABACO.

 

Dentro desse contexto, é de absoluta importância refletir e chamar a devida atenção para a realidade de que os cuidados de proteção de nossas crianças não podem e nem devem ficar restritos apenas às entidades sanitárias e aos agentes de saúde. Essa responsabilidade passa essencialmente pela participação persistente dos pais na orientação dos filhos e claro, pela contribuição importante dos professores, grandes formadores de opinião dessa galera, sem a devida consciência dos perigos contidos naquele dispositivo de designer atrativo e sabores diversificados.

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