Por Dra. Eugênia Moreira Fernandes Montenegro
CRM PB 5248
Endocrinologia pediátrica – RQE 3035
A Obesidade Infantil já é considerada uma epidemia mundial, uma vez que abrange números cada vez mais alarmantes em todo o mundo, em nosso país e também em nosso estado. Uma a cada 3 crianças brasileiras entre 5 e 9 anos de idade já apresentam sobrepeso, sendo a incidência maior no sexo masculino. De cada 5 crianças obesas, 4 permanecerão obesas na vida adulta, o que nos faz descruzar os braços no tocante às modificações do estilo de vida das famílias.
Em países do terceiro mundo, passamos pela chamada transição nutricional, onde a desnutrição deu lugar ao ganho excessivo de peso, trazendo consigo consequências indesejadas a vários órgãos e sistemas do nosso corpo. A mais conhecida e temível associação de prejuízos sistêmicos recebeu o nome de Síndrome Metabólica, que se caracteriza por hipertensão arterial, hipertrigliceridemia, redução do HDL colesterol e resistência à insulina. Além dos sinais e sintomas visíveis e facilmente detectáveis em nosso corpo, o impacto sócio-afetivo não pode ser negligenciado, pois são crianças que tendem ao isolamento social, dificuldades de relacionamento interpessoal, queda do rendimento escolar e forte predisposição à depressão.
Dentre as medidas profiláticas, ressaltamos hábitos que iniciam desde o período neonatal, mantendo o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida e evitando o uso inapropriado do leite de vaca integral antes de 1 ano de idade, sendo mantida a preocupação em ofertar uma alimentação mais rica em fibras, frutas, legumes, com ingesta balanceada de carboidratos e lipídeos, pobre em gorduras saturadas, doces e guloseimas. O papel relevante da família na organização deste cardápio diário ganhou uma aliada de peso, nos últimos anos: a escola, que através do Projeto Escola Saudável, tem preconizado a oferta de lanches mais nutritivos e menos calóricos aos nossos filhos.
Não menos importante que o papel da reeducação alimentar está a prática regular de atividades físicas, quer sejam as programadas (natação, vôlley, basketball, handball, futebol…), como as não programadas (caminhadas no bairro, subir lances de escada do prédio, pedalar…), reduzindo assim, o tempo gasto diante de telas de eletrônicos, ao longo do dia.
Por todo o exposto, percebemos que abordagem da Obesidade Infantil é multidisciplinar, tendo como atores deste cenário de condutas: o pediatra, endocrinopediatra, nutricionista, educador físico, psicólogo, sem esquecer de citar o binômio família-escola. Os resultados são gratificantes e encorajadores para outras crianças com a mesma indicação. Avante, em busca de uma melhor qualidade de vida aos nossos pequenos pacientes e ao seu amanhã!!!