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Autor: Profª Célia Maria Dias Madruga (Médica nefrologista)

Veiculação: Jornal CRMPB – Edição nº 63 – Julho / Agosto de 2005


Fé e ciência são opostas ou devem se complementar? Este é um assunto em foco que desperta o interesse de estudiosos na busca da verdade. Desde tempos remotos, que o homem mantinha uma aproximação entre a ciência e religião. A medicina como a astronomia e a matemática, era exercida com grande importância para a religião. O homem sempre teve convivência com a crença nos deuses, nas orações, nas ervas, nos curandeiros, evidenciando que a interação entre a fé em uma religiosidade, e a medicina sempre foi vista entre as mais diversas culturas. Paracelsus revelou sua postura frente à preocupação com a prática da observação. Dentre os meios terapêuticos propostos por ele, destaca-se “a medicina da fé”, que é tida como uma “luta e vitória contra as doenças.

Fé do doente em si mesmo, no médico, na disposição favorável dos deuses e na piedade de Jesus Cristo. Acreditar na verdade é causa suficiente para muitas curas”. Também Albert Einstein, na época, declarou que “Quanto mais acredito na ciência, mais acredito em Deus” .A história desta relação passou por várias fases intercaladas entre distanciamentos e alianças. As grandes evoluções tecnológicas, que hoje ocorrem na área da saúde, exemplificadas com a terapia gênica e a clonagem, têm afastado esta interação. Observa-se, porém que um segmento da sociedade permanece acreditando na influência da fé na melhora ou até mesmo cura de algumas doenças. Os depoimentos são inúmeros de pessoas que acham ser a fé responsável pelos resultados positivos nos tratamentos de doenças graves.

O surgimento de crenças variadas vem preocupando a sociedade pelo abuso e manipulação das emoções do povo, levando ao radicalismo e abandono dos tratamentos médicos, confiando apenas nas falsas promessas de cura. A ciência vem investigando a veracidade destes fatos, com inúmeras pesquisas sobre este tema. Estes estudos visam fundamentos científicos, não apenas para esclarecimento da sociedade, como também, para a provável prática conjunta da fé com a medicina. Na nossa comunidade universitária encontra-se também em curso uma pesquisa sobre a influencia da fé na evolução dos tratamentos dos doentes portadores de patologias rônicas e graves. A ciência biológica nos diz que a fé é o resultado da interconexão de diversas regiões cerebrais. Foi demonstrado que orações repetidas diminuem os batimentos cardíacos e o ritmo da respiração, baixam a pressão sanguínea e reduzem a velocidade das ondas cerebrais. Há evidências que a medicina, a psiquiatria, a psicologia, a psiconeuroimunologia se propõem a respeitar a importância da fé e das crenças, religiosas ou não, do paciente na evolução de sua doença.

Acreditamos que diante dos fatos, o bom senso mostra que a fé e a ciência podem se relacionar e se completar. Não importa a religião, e sim a fé de cada pessoa.” Tratará tanto melhor as doenças quanto melhor souber, face à situação presente, prever o estado futuro. (…), e ao mesmo tempo discernir se existe algo divino nas doenças, porque é esse também um prognóstico a fazer”.São referências de Hipócrates às moléstias da alma. Questionamos por que atualmente, com tantos expressivos tratamentos e progresso na medicina, o povo continua buscando com tanta intensidade a fé? Novamente Einstein nos ajuda a refletir quando diz “Que o universo é inexplicável sem Deus”.

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