Por Dra. Micheline Pordeus Ribeiro
MÉDICA CRM-PB: 4916
ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA – RQE: 3663
Alertas sobre Implantes Hormonais Manipulados: Saúde em Risco
Este artigo busca conscientizar médicos e a população em geral sobre os riscos relacionados ao uso de implantes hormonais manipulados. A análise está embasada em dados levantados de documentos oficiais e científicos, incluindo regulamentações da ANVISA e opiniões de sociedades médicas.
Introdução
Nos últimos anos, o uso de implantes hormonais manipulados tem se popularizado, frequentemente promovidos como soluções rápidas para questões estéticas ou de saúde. Entretanto, a ausência de regulamentação adequada e estudos clínicos robustos evidencia riscos significativos para a saúde da população.
Riscos Identificados
- Efeitos Colaterais Graves: O uso indiscriminado desses implantes pode causar complicações cardiovasculares, hepáticas, psiquiátricas e reprodutivas, incluindo:
• Alterações enzimáticas hepáticas;
• Riscos cardiovasculares (AVC, infarto);
• Depressão, agressividade e dependência. - Ausência de Estudos Científicos Sólidos: Muitos desses produtos não possuem estudos clínicos que atestem sua segurança, eficácia ou duração de ação.
- Marketing Irregular: A propaganda muitas vezes exagera benefícios e ignora riscos, promovendo-os como “chips da beleza” para ganho de massa muscular e redução de gordura corporal, sem respaldo científico.
Regulamentações Vigentes
- Proibições e Restrições:
Vedada a manipulação para fins estéticos e de ganho de performance (Resolução ANVISA 4.353/2024 e CFM 2.333/2023).
• Somente insumos aprovados pela ANVISA podem ser utilizados. - A manipulação de hormônios deve atender critérios rígidos estabelecidos pela ANVISA.
- Termo de Consentimento: É obrigatória a assinatura de um termo de esclarecimento entre médico, paciente e farmácia, destacando os potenciais riscos e a ausência de avaliação de segurança pela ANVISA.
- Notificação de Eventos Adversos: Todo evento adverso deve ser comunicado compulsoriamente ao sistema VigiMed.
Efeitos na Prática Médica e População
- Para Médicos: Ética profissional exige que procedimentos sejam baseados em evidências científicas, evitando práticas mercantilistas e desinformação.
- Para Pacientes: A população deve ser informada sobre os riscos reais desses implantes, evitando decisões baseadas em propaganda inadequada ou pressões sociais.
Recomendações Finais
- Conscientização: Realizar campanhas educativas para médicos e pacientes sobre os riscos e restrições.
- Fiscalização Rigorosa: Exigir que farmácias e profissionais sigam as regulamentações vigentes, com penalidades severas para infrações.
- Promover Pesquisa: Incentivar estudos independentes e éticos sobre terapias hormonais.
Os riscos incluem alterações cardiovasculares, psiquiátricas, hepáticas e reprodutivas. O marketing agressivo desses implantes, promovendo-os como soluções estéticas, é uma questão ética grave.
Tabela 1: Hormônios Mais Utilizados em Implantes Manipulados
Hormônio | Uso Comum | Principais Riscos |
Gestrinona | Tratamento de endometriose (uso não recomendado pela Anvisa) | Agressividade, infertilidade, efeitos cardiovasculares |
Estrogênios | Terapia hormonal para menopausa | Aumento do risco de trombose, câncer de mama |
Testosterona | Aumento de massa muscular e libido | Supressão do eixo gonadal, efeitos psiquiátricos |
Progesterona | Controle do ciclo menstrual | Depressão, ganho de peso, sangramentos irregulares |
Androstenediona | Precursor de estrogênios e testosterona | Desequilíbrio hormonal, acne, efeitos hepáticos |
Gráfico 1: Riscos Mais Citados nos Implantes Hormonais Manipulados
O gráfico abaixo apresenta os principais riscos associados aos hormônios frequentemente utilizados em implantes manipulados, evidenciando a gravidade de seus impactos.
Conclusão
A busca por saúde e bem-estar deve ser pautada por práticas médicas responsáveis, éticas e fundamentadas cientificamente. A conscientização sobre os riscos dos implantes hormonais manipulados é essencial para a proteção da saúde pública. Regulamentações rigorosas, práticas éticas e campanhas educativas são ferramentas fundamentais para mitigar os danos, garantir segurança e promover um uso responsável e ético de terapias hormonais.