A Paraíba tem hoje quase 70% de médicos a mais que tinha há nove anos. Em 2011, o estado tinha 4.886 médicos registrados. Este ano, o número chegou a 8.194. Divulgado esta semana, o estudo Demografia Médica no Brasil 2020, realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Universidade de São Paulo (USP), revelou um crescimento de 67,7% no número de profissionais no Estado. Já a população paraibana cresceu apenas 6% nesta última década, passando de 3.791.200 habitantes, em 2010, para 4.018.124, em 2020.
O estudo mostrou também que os médicos estão concentrados nas Capitais e cidades com mais de 200 mil habitantes e que o número de profissionais nessas localidades cresce ainda mais rápido. Tomando-se os números apenas da Capital paraibana, o crescimento na quantidade de médicos foi de 91,5%, ou seja, quase dobrou, neste mesmo período de tempo. Em 2011, João Pessoa tinha 2.592 médicos, enquanto que em 2020 está com 4.965 profissionais.
A Demografia Médica 2020 aponta também dados sobre a quantidade de médicos em relação à população. A Paraíba tem uma média de 2,04 médicos por 1.000 habitantes. Esta é a maior proporção de médicos, em relação à densidade populacional, da região Nordeste. Neste ranking, Pernambuco está em segundo lugar, com 2,02, e Maranhão em último, com 1,08. Já a média nacional é de 2,4 médicos por 1.000 habitantes.
A razão de médicos por habitante é ainda maior nas Capitais, conforme mostrou o estudo do CFM e da USP. Em João Pessoa, por exemplo, estão 60,7% dos médicos paraibanos (4.965). Com isso, a cidade tem 6,14 médicos por 1.000 habitantes, um número três vezes superior à média do estado e mais de duas vezes maior que o de países como Estados Unidos da América (2,6), Canadá (2,7) e Reino Unido (2,8). Dentre as capitais brasileiras, João Pessoa é a oitava com a maior razão de médicos por 1.000 habitantes, ficando atrás de Vitória (13,7), Florianópolis (10,68), Porto Alegre (9,94), Recife (8,18), Belo Horizonte (8,13), Curitiba (6,52) e Goiânia (6,95).
“Temos uma quantidade suficiente de médicos, o problema é a distribuição dos profissionais. Aqui na Paraíba, os médicos estão concentrados em João Pessoa e Campina Grande. Apenas na Capital, estão 60% dos médicos do estado. O grande desafio é fazer a interiorização dos profissionais, já que o acesso aos serviços de saúde continua precário”, afirmou o presidente do CRM-PB, Roberto Magliano de Morais.
Ele também acrescenta que a explosão no número de médicos na Paraíba, assim como no país, foi impulsionada pela abertura de novas escolas médicas e pela expansão de vagas em cursos de Medicina já existentes. A Paraíba possui, atualmente, nove faculdades de Medicina, sendo quatro em João Pessoa e cinco no interior. Destas nove, três são públicas e seis privadas.
As noves faculdades de Medicina da Paraíba oferecem 1.067 vagas a cada ano. O estado é o que oferece a maior quantidade de vagas por 100 mil habitantes, na região Nordeste, com um índice de 26,6. No país, a Paraíba ocupa o terceiro lugar, com menos vagas apenas em relação aos estados de Tocantins (43 vagas por 100 mil habitantes) e Rondônia (29,7 vagas por 100 mil habitantes).
“Esses dados revelam que a abertura de escolas médicas não resolve o problema de assistência à saúde da população. A quantidade de médicos por 1.000 habitante, na Paraíba, é menor que a média nacional. No entanto, em João Pessoa, vemos um número duas vezes maior que a média do país. São muitas distorções que não são resolvidas simplesmente com a formação de novos médicos”, completou o presidente do CRM-PB.
Outros dados da demografia
O estudo da Demografia Médica 2020 revela também que, na Paraíba, do total de profissionais médicos, 48,5% são mulheres (3.973), enquanto que 51,5% são homens (4.221). Os homens ainda são maioria, mas o número de mulheres vem crescendo a cada ano. A média paraibana, inclusive, é superior a nacional. No país, as mulheres médicas representam 46,6% do total de profissionais.
O estudo mostra que a média geral de idade dos médicos em atividade no Brasil vem caindo nos últimos anos. A média de idade do médico paraibano é de 45,6 anos, semelhante à média do país, que é de 45 anos. Em 2015, essa média nacional era de 45,7 anos. Na Paraíba, 56,7% dos médicos são especialistas e 43,3% são generalistas, sem especialidade médica registrada no Conselho de Medicina.