Dra. Ana Isabel Vieira Fernandes
CRM: 4033-PB
INFECTOLOGIA – RQE Nº: 6165
Mais uma vez o Brasil se depara com o desafio de combater o avanço da dengue e outras arboviroses. Este ano o risco de hiperendemicidade prevê o número assustador de 4,2 milhões de casos no país. Até o momento, nos aproximamos dos 700.000 casos com 122 mortes confirmadas e quase 400 mortes em investigação.
A Paraíba já registra em torno de 700 casos e 1 morte por dengue confirmada. Nos aproximamos do período sazonal de maior número de casos que é entre março e maio e, diante do cenário nacional, é preciso que os serviços de saúde se estruturem para absorver a demanda de pacientes com necessidade de hidratação venosa e, em menor proporção, assistência em leito de terapia intensiva. Há necessidade de confirmação dos casos, disponibilizando testes rápidos de AgNS1 nas UPAS e monitorarmos através do exame RT-PCR em tempo oportuno, até 5 dias de sintomas, os sorotipos e genótipos circulantes em nossa região.
Sabe-se que existem 4 sorotipos do vírus, DEN 1, DEN 2, DEN 3 e DEN 4, portanto, existe a possibilidade de adoecer por dengue até 4 vezes. Na circulação dos 4 sorotipos como está acontecendo em Minas Gerais, é possível que um indivíduo se reinfecte em intervalo de tempo que possibilite a ocorrência de formas graves da doença por uma resposta imune exacerbada, estimuladas pela presença de anticorpos gerados contra o primeiro sorotipo.
A dengue nos aponta os sinais de agravamento quando surgem os sinais de alarme na defervescência da febre. São eles: dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, fígado aumentado de volume, sangramentos de mucosas (gengiva e nariz), hipotensão postural ou lipotímia, acúmulo de líquidos (derrame pleural, ascite ou derrame pericárdico), letargia ou agitação.
Com o surgimento destes sinais e sintomas é urgente iniciar hidratação venosa. Seguindo as orientações baseadas no estadiamento clínico da dengue, é possível, com segurança, reduzir o risco de morte.
A população como um todo precisa se comprometer no combate ao vetor transmissor da doença, através da constante vigilância e eliminação de criadouros como águas paradas, calhas obstruídas, ralos com acúmulo de água, vasos de plantas, bromélias, resíduos sólidos descartados no ambiente.
A atualização de profissionais de saúde no manejo da dengue e a ação conjunta com a população podem transformar o que é previsto como grave problema de saúde pública em uma exitosa ação com vidas preservadas.