Por Nairmara Soares Pimentel Cunha
MÉDICA CRM-PB: 4727
PEDIATRIA RQE: 2286
A imunização é extremamente importante no contexto da saúde da população, principalmente no que se refere à vacinação na faixa etária pediátrica. Nesse contexto, o controle das doenças imunopreveníveis na infância leva a modificação do perfil da morbimortalidade, pois previne doenças transmissíveis, reduz a hospitalização por complicações causadas pelas doenças evitáveis por vacina, viabiliza a “imunidade de rebanho” e reduz a taxa de mortalidade infantil, que é terceira meta dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas.
Além disso, é importante ressaltar que a imunização é considerada uma das medidas mais eficazes na saúde pública, sendo uma ferramenta primordial para prevenção e controle de surtos de doenças infecciosas e ainda, segundo a Organização Mundial de Saúde, é responsável por manter a segurança sanitária global.
Entretanto, mesmo diante da relevância da imunização, o Brasil que outrora era reconhecido mundialmente pelas altas coberturas vacinais, vem apresentando declínio dessas taxas. Essa queda da cobertura ocorreu sobretudo a partir de 2016, acometendo todas as vacinas do Calendário Nacional de vacinação, em especial as pertencentes ao calendário da faixa etária infantil. Esse cenário também repercute no estado da Paraíba, onde dados da minha tese de doutorado desenvolvida na Faculdade de Medicina da USP demostram que em menores de 1 ano, houve declínio gradativo das coberturas vacinais entre 2016-2021 para todos os imunobiológicos administrados nesta faixa.
Para a vacina BCG, que protege as crianças contra as formas graves de Tuberculose, em todo o período do estudo não se alcançou as metas preconizadas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), sendo importante frisar que 75% dos municípios estiveram com coberturas inadequadas. Outro imunobiológico que destaco é a vacina contra a Poliomielite, pelo risco de retorno da doença, já que neste período houve uma variação de 41-67% dos municípios com coberturas vacinais fora da meta de 95%.
Quanto a Homogeneidade da Cobertura Vacinal, os dados da Tese revelam que 42-61% dos municípios paraibanos encontram-se em índices inadequados. Sendo assim, existe uma heterogeneidade no estado, provocando a formação de extensas áreas de bolsões de indivíduos suscetíveis a doenças imunopreveníveis.
Diante da situação que se encontra a Paraíba, com coberturas vacinais abaixo das metas preconizadas pelo PNI e uma homogeneidade inadequada, urge a necessidade de elaboração e implementação de políticas públicas eficazes com o intuito de melhorar a saúde individual e coletiva da população infantil paraibana.