Por Dr. João Modesto Filho
Médico: CRM 973-PB
Endocrinologia e Metabologia: RQE 1026
A deterioração de alimentos tanto animal como vegetal fez com que a indústria alimentícia procurasse soluções para manter a qualidade e a segurança, sem perder a qualidade e a vida útil dos mesmos. Para evitar a deterioração, principalmente de origem microbiológica relacionadas a infecções e intoxicações, têm sido utilizados os chamados aditivos alimentares. As evidências crescentes dos agravos à saúde provocados por alimentos processados e ultraprocessados, levou a utilização de aditivos naturais bactericidas que atuam como conservantes.
Um dos conservantes naturais mais utilizados em nossos alimentos e bebidas é a nisina, ou o E234. Pesquisa recente desenvolvida em laboratório na Universidade de Chicago levantou uma interrogação sobre se ele é inofensivo ou representa um risco para a saúde, fundamentalmente na saúde intestinal. A pesquisa publicada na revista ACS Chemical Biology sinaliza para um possível efeito negativo de conservantes sobre as bactérias da nossa microbiota mostrando que as bactérias são sensíveis aos conservantes. Na Europa, a nisina está presente em diversas categorias de alimentos como bolos, tapioca, cremes, ovos pasteurizados, queijos curados e processados, sendo também encontrado em queijos não curados e produtos à base de carne tratados termicamente, como o presunto.
Fora da Europa, é encontrado em bebidas alcoólicas, como cerveja, vegetais enlatados, sopas, lacticínios, produtos à base de peixe e até sumos e molhos. No entanto, ainda é cedo para conclusões porque esse trabalho foi realizado in vitro e com seis substâncias antimicrobianos próximos a ela. Basicamente, quando colocada na presença, in vitro, de microrganismos patogénicos e bactérias da microbiota intestinal, estas moléculas causaram a morte de ambos os tipos de bactérias, com eficácia ainda maior sobre as bactérias não patogénicas.
Assim, parece que a nisina é um conservante que, embora adicionado aos nossos alimentos há muito tempo, seu impacto nos micróbios intestinais ainda não foi suficientemente bem estudado.
Por fim, não se pode extrapolar os dados obtidos em laboratório com animais para as condições biológicas do ser humano. De qualquer forma, precisamos estar alerta e ter o devido cuidado enquanto esperamos por novos estudos, sabendo que devemos consumir alimentos ultraprocessados com prudência e moderação.