Por Dr. João Modesto Filho
2º Secretário do CRM-PB
CRM-PB 973
Endocrinologia e Metabologia RQE 1026

 

Dilemas diagnósticos são comuns na prática médica. Fazer um diagnóstico seguro é um processo que evolui com o tempo e pode incluir áreas de incertezas. Por outro lado, a medicina é, sem dúvida, o campo onde a Inteligência Artificial (IA) pode ajudar a identificar patologias comuns ou raras ou apresentações incomuns de casos particularmente complexos. Um dos aspectos fundamentais da medicina de alta qualidade é poder fazer diagnósticos confiáveis e rápidos, o que continua sendo um desafio até hoje, apesar de décadas de avanços tecnológicos. Assim, qualquer tecnologia emergente que possa reduzir os erros de diagnóstico merece atenção cuidadosa. Recentemente, esse tem sido o caso da inteligência artificial (IA) e seus assistentes virtuais naquilo que continua sendo uma arte e uma ciência, ou seja, a assistência diagnóstica.

No entanto, e apesar dos incalculáveis benefícios potenciais, cuidados fundamentais devem ser levados em consideração, pois cautela e precaução devem ser tomadas no processo de integrar a IA na prática médica diária. A precisão dos dados fornecidos ao assistente virtual é fundamental para o valor do diagnóstico final oferecido, daí a necessidade de dados precisos. Muitos erros de diagnóstico são o resultado, ainda hoje, de uma história clínica mal formulada, erros durante o exame clínico do paciente e dados adicionais falsos ou ausentes. Se a informação fornecida à IA estiver fragmentada ou imprecisa a devolução será necessariamente também incorreta ou incompleta. Mas, é fato sobejamente conhecido que os desafios futuros da inteligência artificial na medicina e o uso de inteligência artificial na área da saúde são potencialmente revolucionários. Alguns algoritmos já são capazes de diagnosticar melhor o câncer de pulmão ou analisar uma mamografia do que um médico.

Seguramente, estamos atravessando um momento em que a rápida evolução tecnológica reforça a ideia de um robô cirúrgico totalmente autônomo, algo que já foi ficção científica, mas está começando a se concretizar graças aos avanços extraordinários na robótica e na inteligência artificial. Para alcançar este avanço, pesquisadores estão evoluindo passo a passo e um novo passo parece ter sido alcançado com um estudo publicado na prestigiada revista “Science Robotics” por uma equipe de Salt Lake City, Estados Unidos. Uma espécie de “agulha” cirúrgica, que essa equipe desenvolveu, parece capaz de realizar biópsias em completa “autonomia” e sem danificar os tecidos circundantes, processo que atualmente não é isento de danos. Para demonstrar a viabilidade do sistema, os investigadores colocaram um grande desafio: alcançar um nódulo localizado num pulmão enquanto respiram, num modelo suíno, o que representa um alvo extremamente delicado.

O principal obstáculo que a equipe enfrentou foi a navegação. Para que a agulha chegasse ao local da intervenção, era preciso saber exatamente para onde ela estava indo. Para isso, os pesquisadores começaram por realizar uma série de exames de imagem no animal do experimento. Essas imagens foram usadas para criar um modelo 3D completo da caixa torácica. A equipe desenvolveu então um modelo de inteligência artificial ao qual forneceram dados sobre diferentes tipos de tecidos e movimentos respiratórios do porco. Essa abordagem permitiu que a agulha “aprendesse” por quais áreas ela poderia passar com segurança, excluindo principalmente aquelas com grandes veias ou artérias. Apesar da complexidade do projeto, os primeiros testes foram conclusivos.

Os autores escrevem: “Demonstramos o desempenho do nosso sistema em vários estudos in vivo em porcos, alcançando erros de direcionamento abaixo do raio de nódulos pulmonares clinicamente relevantes. Também demonstramos que nossa abordagem proporciona maior precisão em comparação com a técnica de broncoscopia manual padrão. Nossos resultados demonstram a viabilidade e a vantagem da implantação de robôs autônomos de agulhas.”

Com base nesta demonstração, os investigadores planejam continuar a pesquisa e objetivo é refinar ainda mais este dispositivo para submetê-lo a ensaios clínicos em larga escala, enquanto exploram novas aplicações potenciais. Por outro lado, existe sempre a preocupação com os vertiginosos avanços e a possibilidade de não reconhecimento dos limites que devem ser impostos. Assim é que a Ética e a proteção de dados são temas a serem sempre abordados tanto com os médicos quanto com uma geração jovem que cresce no mundo digital.

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