Aline Pantano Marcassi
CRM: 11081-PB
DERMATOLOGIA – RQE Nº: 5195
A Dermatite Atópica (DA) é uma doença inflamatória crônica da pele, pruriginosa, de alta prevalência na infância. Apresenta etiologia multifatorial, destacando-se as alterações na barreira cutânea, disfunção imunológica e alterações no microbioma, sendo influenciada também por fatores genéticos, psicológicos e ambientais (como sensibilidade aumentada aos aerolérgenos).
A alergia alimentar pode estar envolvida em até 30% dos casos moderados a graves, mas a exclusão alimentar não deve ser feita em todos os pacientes com DA. Além da extensão do quadro, devemos suspeitar principalmente nos pacientes com início muito precoce e nos pacientes que relatam piora das lesões após ingestão de alimentos específicos. Os exames de puntura para leitura imediata e pesquisa de IgE sérica apresentam alto valor preditivo negativo, mas quando positivos, podem indicar apenas sensibilização e não necessariamente o diagnóstico definitivo de alergia alimentar, sendo o padrão ouro o teste de provocação oral.
O diagnóstico da DA é essencialmente clínico, baseado nas lesões eczematosas e pruriginosas em áreas características: face e áreas extensoras em lactentes e crianças pequenas, além de lesões flexurais em qualquer idade. Muitos pacientes também apresentam história familiar e/ou pessoal de outras atopias, pitiríase alba, queratose pilar, hiperlinearidade palmar e alterações oculares/perioculares.
Os exames laboratoriais não são indicados de rotina, pois apresentam baixa especificidade. Os níveis de IgE sérico total costumam estar aumentados nos indivíduos com dermatite atópica, mas podem estar normais em até 20% dos pacientes. Além disso, outras doenças podem causar aumento da IgE sérica, como parasitoses, doenças auto-imunes e outras manifestações de atopia. O aumento dos níveis de IgE alérgeno-específicos também pode estar presentes em até 55% da população geral segundo alguns estudos.
O tratamento é baseado em medidas gerais, como evitar contato com os aeroalérgenos, diminuição do número de banhos (1-2x/dia) e uso de sabonetes suaves. A hidratação da pele é etapa fundamental do tratamento, tanto para as crises agudas, quanto para prevenir recaídas. Os pacientes com doença localizada podem ser tratados com corticóides tópicos ou imunomoduladores. Já os pacientes com quadro extenso geralmente necessitam de imunossupressores, como o metotrexate ou a ciclosporina. Os anti-histamínicos orais apresentam baixa eficácia na doença e os corticóides orais devem ser evitados, pelo risco de rebote após suspensão do mesmo. Atualmente, com o início do tratamento com imunobiológicos, muitos pacientes com doença moderada a grave têm apresentado uma melhor qualidade de vida, especialmente com o dupilumabe.