Por Dr. Alexandre Rolim
CRM: 5183-PB
PATOLOGIA – RQE Nº: 2937
Professor, patologista tem de ser um médico? Como ele atua na prática diária? Tem mercado para quem quer seguir esta carreira? Ganha-se bem? Trabalha-se quantas horas por dia? Também no final de semana? Dá plantão? A inteligência artificial vai tornar o patologista obsoleto?
Estas são apenas algumas de várias perguntas que me fazem constantemente, ou durante as aulas da faculdade de Medicina, ou em palestras para públicos diversos, da área de saúde ou não.
No passado não muito recente, ser médico patologista quase que invariavelmente estava relacionado a pessoas cujo perfil fosse mais introspectivo, pouco afeito a relações interpessoais, seja com pacientes ou colegas de profissão, e com atuação apenas nos bastidores. Sua face era raramente conhecida!
Isto mudou: o patologista contemporâneo, necessariamente um médico com formação mínima de 3 anos de residência, tem de ser um profissional com habilidades (as tais “soft skills”) que o permitam interagir com colegas médicos, entregar diagnósticos os mais assertivos possíveis com amostras cada vez mais exíguas, gerenciar pessoas num ambiente laboratorial/hospitalar, capaz de direcionar condutas e trabalhar sobre uma pressão constante!
Não atendemos um paciente infartado, com suspeita de AVC ou politraumatizado, mas, ao emitirmos um parecer diagnóstico, conduzimos o destino de muitas pessoas.
A atuação se tornou ampla, desde laudos histo e citopatológicos, exames peroperatórios de congelação, imuno-histoquímica e, mais recentemente, forte papel no diagnóstico molecular. É uma complexidade crescente de exames diagnósticos objetivando atender uma demanda exponencial pela tão em moda “Medicina de Precisão”. Para atendermos a isto, torna-se imprescindível diagnósticos os mais detalhados possíveis, quer sejam neoplásicos ou não, que direcionem condutas mais individualizadas, com maior efetividade e menos danos colaterais aos pacientes.
Como em tantas outras atividades profissionais, a inteligência artificial chegou também à patologia! Mais do que para substituir este profissional, veio para ser uma arma poderosa de auxílio ao diagnóstico que, se empregada de maneira adequada, trará uma mudança de paradigmas no exame anatomopatológico.
O médico patologista contemporâneo precisa ser um profissional com capacitação, treinamento e conhecimento amplos, que esteja em constante atualização e, para além do papel diagnóstico, esteja diretamente ligado ao ensino e à pesquisa!
E respondendo aos questionamentos acima: sim, o patologista é necessariamente um profissional médico, trabalha sob uma pressão constante, tem um vasto mercado de trabalho no Brasil, dá plantão em instituições que demandem exames de congelação ou verificação de óbitos, e será bem remunerado como consequência de seu desempenho profissional (aliás, como em todas as demais especialidades…).