A guerra contra o mosquito
 João Medeiros Filho
(Pediatra e Presidente do CRM-PB)
 

Nos de 1667,os ingleses ,após cerco brutal dos holandeses pelo domínio de Gun , a mais remota  das Ilhas de Banda , celeiro das plantações de noz-moscada hoje pertencente à Indonésia, assinou o Tratado de Breda, cedendo a posse da ilha,em troca da Nova Amesterdã, a tão festejada Ilha de Manhattan dos dias atuais,o coração da Big Apple-Nova York. Numa época em que as especiarias das Índias – pimenta, cravo-da Índia  e noz-moscada – tinham extraordinário valor, não só como condimentos, mas sobretudo como conservantes dos alimentos e repelentes naturais,despertando a cobiça dos grandes navegadores, os holandeses assumiram o monopólio do comércio da noz-moscada, considerada afrodisíaca e soporífera,além de excelente repelente natural contra as pulgas, vetores da Yersínia pestis, responsável pela peste negra ou bubônica, doença que dizimou populações.Diz-se que na Europa a noz-moscada era usada num saquinho pendurado no pescoço para afugentar as pulgas.

 Séculos depois nossas atenções se voltam contra o Aedes aegypti,  vetor do Zica vírus que,descoberto em 1947 na África, recentemente aportou entre nós, trazendo pânico à população, face às evidências científicas de sua associação com microcefalia congênita e síndrome de Gullain-Barré.

No momento, pouco podemos fazer contra a doença:não há tratamento específico  e a forma mais eficaz de prevenção , a vacinação, infelizmente não é disponível. Nesse contexto ,o combate intensivo e incondicional ao inseto e o uso dos repelentes – entre eles, Icaridina,DEET e IR3535 – emergem como as únicas alternativas.

 É certo que houve muita leniência com o mosquito e, depois do fato consumado, deflagrou-se “guerra” contra o inseto; vamos apoiá-la e vencê-la! A sociedade precisa estar unida, mobilizada e assumir o compromisso com o combate ao vetor, colaborando com as autoridades sanitárias, combatendo, fiscalizando e denunciando a existência de criadouros.

Foi com notável denodo e inteligência que Oswaldo Cruz, com o apoio das brigadas mata-mosquitos que ele criou, conseguiu erradicar a febre amarela do Rio de Janeiro em 1907.

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