Por Dra. Débora Cavalcanti
MÉDICA CRM-PB 4059
Chefe da Unidade da Cátedra Internacional de Bioética no CRM PB e Segunda vice-presidente do CRM PB
No dia 19 de outubro comemoramos o “Dia Internacional da Bioética”. A bioética é uma área do conhecimento que envolve a reflexão ética, moral e legal sobre questões relacionadas à vida, à saúde e ao meio ambiente, no contexto da saúde. É uma ciência relativamente nova, pois seus estudos tiveram início na década de 1970, a nível mundial, mas no Brasil somente em meados da década de 1990. É um estudo multidisciplinar, multiprofissional e essencial para o desenvolvimento de médicos conscientes do seu importante papel na sociedade e das implicações éticas de suas ações.
Os princípios básicos da bioética são: autonomia (respeito aos pacientes de tomar decisões informadas sobre os seus cuidados), beneficência (ação no melhor interesse do paciente), não-maleficência (evitar causar dano ao paciente) e justiça (garantia de uma distribuição equitativa de recursos de saúde). A bioética não se resume a um conjunto de regras. É um pilar essencial na formação de médicos mais humanos, mais justos e preparados para lidar com os desafios morais complexos da prática médica nos dias de hoje.
No Brasil, o ensino da bioética não é ofertado em todos os cursos de graduação em medicina e quando o é, a carga horária e a matriz curricular variam bastante de uma faculdade para outra, apesar de ter grande importância, pois o ensino da bioética forma indivíduos mais críticos e conscientes de suas responsabilidades, capacitados a tomar decisões, respeitando a dignidade humana, a justiça social e o bem-estar de todas as formas de vida. Num contexto em que os avanços tecnológicos e científicos desafiam constantemente os limites éticos, a formação do médico em bioética é indispensável.
Além disso, o ensino da bioética estimula o diálogo interdisciplinar, já que as questões éticas na área da saúde, além dos aspectos científicos, envolvem aspectos filosóficos, jurídicos e culturais, resultando em decisões que levam em consideração as diferentes perspectivas e valores.
Outro ponto relevante é a necessidade de preparar os futuros médicos para lidar com situações delicadas envolvendo o fim da vida, o uso de novas tecnologias e a distribuição de recursos de saúde. Essas questões não podem ser resolvidas apenas com base em conhecimentos técnicos; elas requerem um olhar ético sensível e bem embasado.
Portanto, a inclusão da bioética no currículo acadêmico contribui não apenas para a formação de médicos tecnicamente competentes, com relacionamento médico-paciente com mais confiança e respeito e capacidade de equilibrar o bem-estar do paciente com a necessidade de respeitar sua autonomia, mas também para o desenvolvimento de cidadãos conscientes, capazes de refletir criticamente sobre os impactos de suas ações na sociedade e no meio ambiente.
Incentivar o estudo da bioética é uma das missões que assumimos juntamente com conselheiros do CRM-PB.