Por Dra. Narriane Chaves Holanda
MÉDICA CRM-PB: 6403
Endocrinologia e Metabologia RQE: 5290
A qualidade e a duração do sono são influenciadas por diversos fatores, que variam de aspectos ambientais, como a exposição à luz artificial e o uso de dispositivos eletrônicos, a influências genéticas e comportamentais. O estilo de vida moderno, caracterizado pelo aumento do tempo em ambientes urbanos e o trabalho noturno, tem contribuído para mudanças nos padrões de sono, particularmente em grandes centros urbanos.
Distúrbios do sono podem resultar em uma gama de efeitos negativos na saúde, incluindo problemas metabólicos. A privação do sono interfere significativamente no ganho de peso ao afetar a regulação hormonal do apetite e do metabolismo, resultando em desequilíbrio de hormônios como grelina, leptina e GLP-1.
Com mais grelina e menos leptina e GLP-1 circulando, o cérebro não recebe o sinal adequado de saciedade, o que pode levar a um aumento do apetite e da ingestão alimentar, mesmo quando as reservas de energia são suficientes. Esse efeito contribui diretamente para o ganho de peso e maior resistência à insulina, que resultam em maior mortalidade cardiovascular.
Não apenas a qualidade, mas o turno e a quantidade de horas de sono importam. Nosso grupo de pesquisa publicou dados sobre o impacto do sono de curta duração e da inversão do ciclo sono-vigília na saúde metabólica e observamos que trabalhadoras noturnas na pré menopausa que dormiam menos de 6 horas por noite apresentavam maior acúmulo de triglicerídeos, hipertensão arterial sistêmica e maior acúmulo de gordura visceral, quando comparadas àquelas que nunca haviam trabalhado à noite e dormiam mais que 6 horas por noite. Estes dados sugerem que trabalhar a noite afeta o ritmo circadiano e está associada a alterações metabólicas significativas.
Por esses motivos, a sociedade americana de sono recomenda, para adultos, uma média de 7 a 9 horas de sono por noite, quantidade necessária para garantir o bom funcionamento fisiológico.
Além disso, crescem as evidências científicas que demonstram a importância da crononutrição no processo de emagrecimento. Várias evidências apontam benefícios em diversos parâmetros metabólicos, incluindo peso corporal, a depender do horário da ingesta energética. Alimentar-se preferencialmente à noite parece interferir no metabolismo energético, contribuindo para o desenvolvimento de obesidade e síndrome metabólica. Isso ocorre devido a uma menor eficiência metabólica durante a noite, já que o corpo está biologicamente programado para processar alimentos de maneira mais eficaz durante o dia. Em contrapartida, comer no café da manhã parece influenciar positivamente na qualidade da dieta ao longo do dia, tornando-se um aspecto fundamental na necessidade nutricional diária.
Assim, higiene do sono, tratamento do distúrbio do sono, prática regular de atividade física e cuidados com a alimentação são muito importantes para a regularização de todas estas alterações metabólicas, podendo auxiliar no controle do peso, da glicemia, dos níveis de colesteróis, redução de riscos cardiovasculares e melhora da qualidade de vida.