Por Dr. Gilvan da Cruz Barbosa Araújo
MÉDICO CRM-PB: 4675
Pneumologia Pediátrica RQE  3825

As festas juninas comemoradas, principalmente no Nordeste do Brasil, chegaram através de costumes dos Europeus, em especial dos Portugueses. É uma comemoração ligada ao catolicismo, nos dias dos santos católicos no mês de junho, Santo Antônio (dia 13), São João Batista (dia 24) e São Pedro (dia 29). Também no Nordeste brasileiro se comemora a colheita do milho que ocorre nessa época do ano, daí um dos costumes das festas o consumo de comidas derivadas do milho.
Uma outra tradição das festas juninas é o acendimento de fogueiras na frente das casas. Esse ato significa a proteção contra espíritos e serve também para agregar as pessoas ao redor da mesma, e também contra o frio, uma vez que é um período de menor temperatura na região Nordeste. O termo pular a fogueira, outra tradição, embora não recomendada pelo risco de acidentes, significa superar um problema. Segundo os estudos bíblicos, após o nascimento de São João Batista, sua mãe, Isabel, acendeu uma fogueira para avisar a Maria, mãe de Jesus e sua irmã, do nascimento da criança. Daí, supostamente, nasceu a tradição de acendimento de fogueiras na véspera de São João.

Apesar de uma bonita tradição, as fogueiras podem causar efeitos indesejáveis. O primeiro deles diz respeito ao aumento do risco de queimaduras, em associação com os fogos de artifício. As queimaduras podem ser de diferentes magnitudes, com maior ou menor extensão e profundidade. Evidente que quanto mais extensa maior o risco de complicações e óbitos, além de levar a sequelas físicas e psicológicas por toda a vida. As queimaduras são mais frequentes em crianças pelo não discernimento do risco nessa faixa etária, então deve se ter atenção redobrada quando houver crianças nas proximidades das fogueiras.

O outro grande problema relativo às fogueiras, é a produção de fumaça pelas mesmas, que por sua vez apresenta efeito bastante tóxico para as vias aéreas, pois possui compostos químicos de diferentes tamanhos que atinge das vias mais periféricas até os alvéolos. Os sintomas decorrentes da exposição a fumaça são: tosse, espirros, ardência em boca e orofaringe, hiperemia ocular, lacrimejamento e cefaléia. A fumaça ainda pode piorar ou desencadear exacerbações de sintomas de pacientes com rinite alérgica, asma, DPOC, e outras doenças das vias respiratórias, com aumento da procura de serviços de emergência e internações hospitalares.

No último dia 04 de junho a Assembleia Legislativa da Paraíba revogou a lei que proibia o uso de fogueiras em espaços urbanos no Estado. Essa é uma atitude temerária pois a população urbana se apresenta numa densidade demográfica maior, com mais possibilidade de acidentes e efeitos indesejáveis, além de que em centros urbanos maiores muitos habitantes vivem em edifícios, o que leva a maior exposição a fumaça de fogueiras. Em cidades menores e zonas rurais esses problemas são minimizados, sendo usadas com maior segurança, que permite perpetuar essa tradição regional.

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