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Por Giordanny Alencar de Sousa Silva
CRM 14070 PB
Residente de Clinica medica do Hospital Universitário Alcides Carneiro (UFCG)

Introduzo minhas palavras lembrando do momento, no final da faculdade de medicina, no ano de 2021, quando me vi diante de uma escolha: seguir em direção à residência médica ou trilhar um caminho diferente na minha carreira? Essa pergunta, que fazia a mim mesmo, apesar de desafiadora, foi fundamental para moldar minha perspectiva sobre o sistema de formação médica que desejava seguir e, mesmo não iniciando a residência naquele momento, visto que optei por voltar a minha amada terra e trabalhar em um primeiro momento, não tive dúvidas de que desejava seguir meu caminho na especialização de minha formação médica.

Durante os seis anos de nossa graduação nos preparamos para atuar de forma técnica, ética e humanizada, como médicos generalistas. Ao final de nossa formação acadêmica temos a opção de dar um passo a mais em nossa vida profissional escolhendo nos especializar em determinada área. A decisão da forma de se especializar, ultimamente, vem ganhando algumas ponderações e questionamentos como: A residência médica é um rito de passagem necessário ou um sistema arcaico que precisa ser reavaliado? Ao debater sobre a duração, a intensidade e os impactos emocionais desse período, é impossível negar que as opiniões divergem quanto à eficácia desse modelo de formação.

 

A residência médica desempenha um papel fundamental na formação e desenvolvimento dos médicos, pois oferece uma oportunidade única de treinamento prático e especializado após a conclusão da faculdade de medicina. Como o próprio nome sugere, é um período de extensa carga horaria de trabalho e estudo. O ambiente hospitalar de fato torna-se a residência, em seu sentido literal, do médico.

 

A importância e as vantagens de aperfeiçoarmos nossa formação por meio dos programas de residência médica são indiscutíveis. É nessa etapa que temos a chance de nos aprofundar em uma área específica da medicina. Isso permite que o conhecimento seja refinado e assim possamos ofertar o que há de mais consolidado na medicina: desde a abordagem diagnóstica ao tratamento. E isso é possível graças a uma verdadeira imersão e discussão sob os mais diversos casos, que nos permite aplicar práticas médicas baseadas em evidências robustas, que desenvolvem e potencializam a tomada de decisões, análise e resolução de problemas que serão encarados diariamente na rotina e vida médica.

 

Além do amplo conhecimento teórico/prático apresentando aos residentes, esse período oferece a oportunidade de adquirir e aprimorar habilidades essenciais para o atendimento e condução dos pacientes. Tais circunstâncias são vivenciadas pelos residentes sob supervisão de preceptores e médicos mais experientes. Nesse aspecto a residência também gera o chamado Networking profissional, que propicia aos médicos a oportunidade de construir relacionamentos com outros profissionais de saúde, incluindo colegas, preceptores e especialistas em sua área de atuação. Essa rede de contatos pode ser valiosa ao longo de suas carreiras.

 

Além do crescimento profissional, há também o crescimento e desenvolvimento pessoal. Diariamente aprendemos a lidar com situações de estresse que nos fortalecem e nos ajudam a a nos tornamos resilientes. Essa rotina exige que saibamos moldar e gerenciar nosso tempo, visto que temos que equilibrar a vida pessoal e profissional.

 

De fato, ingressar em um programa de residência médica traz consigo responsabilidades e desafios que devem ser cumpridos, além de consequências que impactam em todos os aspectos de nossas vidas. Entre essas, temos a carga horaria extensa do programa, geralmente com plantões noturnos e em fins de semana, que pode levar ao cansaço físico e mental e deixando o tempo limitado para atividades pessoais, lazer e cuidados com a família e amigos, afetando a qualidade de vida e a saúde do residente. Não somente os horários, mas também a pressão e o estresse relacionada a tomadas de decisões complexas, mesmo sendo essas supervisionadas e guiadas, podem afetar também alguns de forma negativa. Supervisão essa na forma de hierarquia que também presente no ambiente hospitalar pode criar desafios de comunicação entre residentes, preceptores e supervisores. Gerando algumas vezes hesitação em expressar opiniões ou buscar ajuda devido à pressão hierárquica.

 

Em suma, mesmo diante de todos os desafios, dificuldades, acredito que a forma de especialização pela residência médica desempenha um papel crucial na formação de nós médicos, preparando-nos para a prática clínica especializada, proporcionando-nos a oportunidade de aprender com profissionais experientes e equipando-nos com as habilidades necessárias para oferecer um atendimento médico de qualidade e compassivo.

“É justo que muito custe o que muito vale”. Santa Teresa d’Avila

 

 

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