CRM-PB Entrevista: Dr Samir de Figueiredo Azouz
A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) realiza, anualmente, a campanha Dezembro Laranja, de prevenção ao câncer de pele. Este ano, no dia 3 de dezembro, foram realizados mutirões gratuitos, em todo o país, para identificar novos casos da doença. De acordo com o recém-eleito presidente da SBD – Regional Paraíba, Samir Azouz, por causa da pandemia de covid-19, houve uma demanda reprimida e um aumento no número de diagnósticos de melanoma (o mais grave tipo de câncer de pele), no mutirão realizado no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), em João Pessoa.
Formado em Medicina pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com residência em Dermatologia pela UFPB e mestrado em Ciências da Saúde pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Samir Azouz é professor da UFPB, atende pacientes em sua clínica particular e na prefeitura de Cabedelo e será o próximo presidente da SBD-PB, a partir de 2023.
Na entrevista a seguir, ele fala sobre o Dezembro Laranja, dos seus planos na presidência da SBD-PB, além da necessidade de prevenção do câncer de pele, da importância do diagnóstico precoce, das diversas outras doenças tratadas pelo dermatologista e da paixão pela sua profissão.
Recentemente o sr foi eleito para presidir a Sociedade Brasileira de Dermatologia da Paraíba. Quais serão suas primeiras ações e planos para a gestão?
Fui eleito presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia regional Paraíba e minhas primeiras ações serão priorizar o diagnóstico precoce das dermatoses negligenciadas no mundo todo, como leishmaniose tegumentar, hanseníase, tuberculose cutânea, além de orientar os usuários sobre a importância das infecções sexualmente transmissíveis. Aliado a tudo isso, queremos fortalecer nossa sociedade e nossos especialistas, já que tem ocorrido uma invasão ou permeio muito importante de outras especialidades e profissionais não médicos na especialidade. Gostaria de realizar educação médica continuada. Terei dois anos para realizar esses afazeres e espero deixar um legado para presidentes vindouros.
Estamos no Dezembro Laranja, mês de prevenção ao câncer de pele. Quais as principais recomendações o sr daria à população?
Estamos no “Dezembro Laranja”, mas esse cuidado deverá ser durante todo o ano. Em 2022, foi realizado no dia 3 de dezembro a campanha contra o câncer de pele no Brasil inteiro. Foi um sucesso e devido à demanda reprimida, por causa da pandemia pelo coronavírus em 2020 e 2021, fomos surpreendidos, no HULW, com um número de casos de melanoma aumentado. Esse tipo de câncer totaliza cerca de 5% de todos os cânceres de pele, porém é o mais grave e que pode levar ao óbito em menos de um ano, dependendo do estadiamento que se encontra o paciente. Em relação às recomendações, a fim de evitar fotoenvelhecimento, cânceres e doenças autoimunes que pioram com a exposição solar, o uso de protetor solar físico, oral, uso de camisas que protejam contra UVA e UVB são fundamentais. Além disso, o paciente precisa ter um autocuidado em relação às lesões ou pintas que crescem, ulceram, sangram e agendar uma consulta com o dermatologista.
O sr acredita que as pessoas estão mais informadas e conscientes sobre a necessidade de se proteger dos raios solares e diminuir as chances de ter o câncer de pele?
As pessoas estão mais informadas, devido às redes sociais, mas não acho que estejam mais conscientes. O câncer de pele é o de maior incidência entre todos os cânceres, mas felizmente, tem uma mortalidade baixa. Mas isso não justifica o não cuidado. Apesar da mortalidade baixa, há alguns cânceres que tem uma alta letalidade, como o melanoma e o carcinoma de células de Merkel, esses são mais raros, mas com a incidência aumentando ano a ano.
Qual a importância do diagnóstico precoce do câncer de pele?
É imprescindível a detecção precoce do câncer de pele por algumas razões: 1) O carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular apesar de baixa chance de metástases, eles podem causar deformações funcionais permanentes, como destruição tecidual local; 2) o melanoma é uma neoplasia maligna que cursa habitualmente com metástase em órgãos importantes para manutenção da vida, como sistema nervoso central, pulmão. Se detectado precocemente “in situ” a sobrevida é de quase 100% em 5 anos. 3) O custo para as operadoras de saúde e para o SUS diminui com a detecção precoce porque não há necessidade de cirurgias mais complexas como a micrográfica de Mohs ou retalho.
Além do câncer, quais as principais doenças de pele tratadas pelo dermatologista? Há como se prevenir? É necessário procurar o dermatologista periodicamente?
Na dermatologia há mais de 4.000 doenças, é uma especialidade difícil, muito ampla, porém muito gratificante. Além desse número quase infinito de doenças, há a possibilidade da melhora da autoestima dos pacientes com os bioestimuladores, os lasers e suas tecnologias que só o dermatologista pode fazer com primor. A procura do dermatologista periodicamente é fundamental, mas, para escolher o especialista, é preciso saber se o médico está habilitado para exercer esta especialidade que me apaixonei perdidamente.