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Por Dr. João Modesto Filho – CRM 973/PB

A histerectomia tem sido associada ao risco de hipertensão arterial e doenças cardiovasculares. No entanto, poucos estudos examinaram a relação entre histerectomia e o risco de diabetes tipo 2, sendo conhecidos os trabalhos realizados nos Estados Unidos e em Taiwan. Uma histerectomia, especialmente se realizada antes dos 45 anos de idade, aumenta o risco de diabetes tipo 2, o qual se torna ainda mais grave se uma ooforectomia (retirada dos ovários) estiver associada a ela. Essa foi a conclusão de uma análise francesa apresentada há poucos dias no Congresso Europeu de Diabetes. Foram 81.144 mulheres não diabéticas (idade média de 51 anos) que foram acompanhadas prospectivamente por um período médio de 16.4 anos.

Nesse estudo, foi comprovado o aumento de risco de diabetes associado a uma histerectomia da ordem de 27% (análise multifatorial ajustada para fatores de confusão como histórico familiar de diabetes, dieta, atividade física, nível socioeconômico, etc.). O autor principal do estudo, Prof. Fabrice Bonnet, salienta que uma mulher que fez histerectomia tem estatisticamente um maior risco de diabetes, daí o cuidado especial quanto a vigilância do estado metabólico após a intervenção cirúrgica. Por seu turno, as mulheres com menos de 45 anos parecem ser de maior risco, com um risco geral de 52% maior do que aquelas sem histerectomia. Esse risco aumentado foi observado independentemente da causa da histerectomia – endometriose ou miomas, se conservadora ou não (histerectomia com anexectomia e histerectomia isolada).

Assim, os dados obtidos mostram que o risco aumentado parece ser independente da ooforectomia e também não pode ser explicado por uma dieta irregular ou um estilo de vida sedentário. Pode-se dizer, pelas conclusões do estudo, que há um indiscutível benefício metabólico com a preservação dos ovários, ou seja, sofrer uma histerectomia com preservação dos ovários ainda está associada a um risco aumentado de diabetes, mas muito menor em comparação com uma histerectomia com ooforectomia. Pelo menos duas hipóteses poderiam explicar esses resultados, entre elas a depressão, que é mais acentuada em mulheres histerectomizadas, e a uma menor secreção do hormônio anti-mulleriano (indica a função ovariana). De qualquer forma, os mecanismos subjacentes que levam ao diabetes ainda precisam ser melhor elucidados.

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